PMDB: o fim da novela

Líder do PMDB na Câmara, o governista Eunício Oliveira (CE) colocou em apuros o presidente do partido, o oposicionista Michel Temer (SP). Durante a última reunião da Executiva Nacional, Eunício cobrou formalmente uma decisão do PMDB sobre se o partido apóia ou não
o governo. Temer respondeu que convocaria para quarta-feira 16
uma reunião sobre o assunto entre a Executiva e os governadores. Não o fez, mas garantiu que ela ocorrerá na próxima semana. O adiamento foi para tentar convencer os governadores a defenderem uma posição de independência. Mas o governador Germano Rigotto (RS) já avisou que “em política, não há independência. Ou se é
contra ou a favor”. Muito provavelmente, os governadores vão querer reunir o Conselho Político, instância máxima do PMDB, para dar um ponto final na história. Se os oposicionistas resistirem, o jeito vai
ser convocar uma convenção. E, aí, o risco é de Michel Temer
perder o cargo de presidente.

Gastos secretos do Fome Zero

Ao ver o ministro José Graziano classificar como “secretas” algumas despesas do Fome Zero, o deputado tucano Alberto Goldman (SP)
ficou curioso e mergulhou no sistema de acompanhamento das contas públicas, o Siafi. Descobriu que, em um trimestre, o programa consumiu cerca de R$ 42 milhões. É dinheiro suficiente para distribuição de
cupons de R$ 50,00 a 280 mil famílias, número oito vezes maior
que o existente nos dois municípios do Piauí escolhidos pelo Palácio
do Planalto para um ensaio do programa.


São 35 ministros

O deputado Zenaldo Coutinho (PSDB-PA) é o relator da Medida Provisória nº 103, que estabelece a estrutura ministerial do governo Lula. Depois de estudar o texto, Coutinho fez as contas e concluiu que a Esplanada dos Ministérios tem atualmente 35 pessoas com cargos, direitos e vantagens de ministro de Estado.


Pelas costas

Como anunciada, a proposta de renda mínima idealizada pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP) entra na reforma tributária, mas como princípio geral, sem prazo para implementação. O ministro da Fazenda, Antônio Palocci, sempre elogia publicamente a proposta, mas, nos bastidores da área econômica, afirma que seu custo é inviável.

Crise de identidade

O oposicionista José Carlos Aleluia, líder do PFL na Câmara, foi à
tribuna para fazer uma crítica dos primeiros 100 dias do governo
do PT. A certa altura, pediu a demissão do ministro Roberto Amaral,
da Ciência e Tecnologia. O deputado Eduardo Campos (PSB-PE) não
se conteve e agarrou o microfone: “O nobre deputado tem de decidir
se é governo ou oposição. Tem tanto hábito de ser governo que está querendo até demitir ministro.”

Neofisiologismo

Nova fórmula para disputar um carguinho no governo. O gerente executivo do INSS em Fortaleza, Antônio Araújo Maia, pefelista de nascença, como seu próprio sobrenome sugere, é membro do diretório regional do PFL do Ceará. Mas está requerendo filiação ao PT, na cidade de Jaguaribara. Tudo para manter-se à frente daquela que é uma das três maiores gerências do INSS no País.

Rápidas

• Levantamento do deputado Alexandre Cardoso, do PSB do Rio de Janeiro: de 1985 até hoje, 1.036 deputados trocaram de partido. Duas vezes o número de integrantes da Câmara.

• Para conter o troca-troca, Alexandre Cardoso está acertando com os líderes do PMDB, PFL e PSDB na Câmara dos Deputados aumentar o prazo de filiação partidária para dois anos antes da eleição.

• “O Lula tem sido muito correto comigo”, tem dito Antônio Carlos Magalhães pelos corredores do Senado. É para fazer crer que tem o apoio do Palácio contra o processo de cassação.