Vitória suprema

Apenas quatro meses depois da posse, qualquer que seja ele, o novo presidente vai conseguir uma proeza: terá a maioria do Supremo Tribunal Federal. Ao completar 70 anos, três ministros se aposentam compulsoriamente em abril de 2003: Moreira Alves, Sidney Sanches e Ilmar Galvão. Com estas três vagas, Lula ou Serra, os dois candidatos que hoje estariam no segundo turno, vão conseguir controlar seis das 11 cadeiras do STF. Lula já tem os votos de três: Sepúlveda Pertence, o ex-brizolista Maurício Corrêa e Celso de Mello, companheiro de república estudantil de José Dirceu. E teria a maioria com a nomeação de seus três favoritos: Celso Bandeira de Mello, Márcio Thomaz Bastos e Reginaldo Oscar de Castro. O candidato José Serra já conta com a simpatia dos três ministros nomeados por FHC: Gilmar Mendes, Ellen Gracie e Nelson Jobim. E completaria o seu sexteto com três nomes indicados pelo bico mais influente do poleiro jurídico tucano: o bom e fiel Nelson Jobim, atual presidente do TSE.

 

Malan dá trabalho

O Projeto Segunda-Feira, que entusiasma tanto José Serra, não empolga muito Pedro Malan. Obediente às metas do FMI, o ministro da Fazenda deu na semana passada uma tesourada no Proep – Programa de Escolas Profissionais que o ministro Paulo Renato, da Educação, desenvolveu com uma ajuda de R$ 300 milhões do Banco Mundial. Com o corte, estão paralisadas as obras de mais de 100 escolas, enquanto outros dois mil projetos ficam na gaveta. Não se sabe, ainda, quantos operários vão para a fila, na segunda-feira, lutar por trabalho, trabalho, tra-ba-lho.

Bola murcha

Desde a estréia do horário político na tevê, Ciro Gomes perde 6,5 Maracanãs lotados de votos diariamente – 760 mil pessoas. A conta foi feita pelo Instituto Soma de Brasília e leva em consideração as intenções de votos dadas a Ciro entre 20 de agosto e 11 de setembro nos três principais institutos de pesquisas. Somado, o estrago provocado representa a perda de 15,2 milhões de votos.

Cega e engarrafada

A TV Justiça não aguentou um mês no ar. Instalada com festa pelo presidente do STF em 11 de agosto, o canal pago do Judiciário interrompeu semana passada as transmissões ao vivo das tediosas sessões do Supremo. Os ministros, que não foram consultados sobre a iniciativa, obrigaram o presidente Marco Aurélio Mello a exigir gravação prévia e editada das longas discussões técnicas de juristas citando autores que o telespectador incauto não conhece. O que mais bateu na vaidade dos juízes foi o locutor que, enquanto o voto era lido, comentava a decisão. Foi guilhotinado.

Fora de rota

Sinais de fumaça do Planalto indicam que a novela da compra dos novos caças da FAB vai ficar mesmo para o sucessor de FHC. O presidente deve botar no freezer o relatório da comissão e cozinhar a convocação do Conselho de Defesa Nacional. Sem decisão até dezembro, o negócio de US$ 778 milhões fica para o vencedor da eleição.

Rápidas

O Conselho Federal de Economia tem um abacaxi. A seção da Paraíba afirma que José Serra, que diz ter um canudo de Cornell, EUA, não é economista formado. Pediram uma interpelação judicial.

Está adiantada a negociação em Alagoas para decidir a eleição no primeiro turno. Para derrotar Fernando Collor é possível que saiam do páreo Judson Cabral (PT) e Geraldo Sampaio (PDT).

O governador do Rio Grande do Norte, Fernando Freire, candidato à reeleição, quer comprar no Rio de Janeiro, sem licitação, as quentinhas para os presídios do Estado. Chegarão geladinhas.

O marqueteiro de ACM, Fernando Barros, dono da Propeg, foi acusado de improbidade pelo Ministério Público ao elevar em 700% os gastos de publicidade em Camaçari. Vêm aí as contas de Salvador.