Imagine que em meio ao maior desfile de moda de todo o mundo se proclame, de uma hora para outra, que metade dos trajes que são exibidos em diversos países como sendo de sofisticadas grifes não passam de imitações. Numa dimensão histórica exponencialmente maior, é o que ocorreu na semana passada no campo das artes plásticas envolvendo as obras do pintor Rembrandt van Rijn (1606-1669). Os pesquisadores Erik Hinterding e Jacó Rutgers, dois dos principais especialistas do Rijksmuseum, templo artístico que reúne na Holanda o maior acervo de Rembrandt, colocaram sob suspeita a autenticidade de mais da metade das 18 mil gravuras atribuídas ao artista. Após décadas de análise, chegou-se à conclusão de que 50% das obras foram impressas pelo próprio Rembrandt ou por sua ordem a partir das 315 pranchas originais. Após a sua morte, outras 9 mil gravuras foram feitas em papel de qualidade inferior, numa sucessão de cópias que guardam pouca referência com as matrizes.