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O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta sexta-feira que a taxa de câmbio acima de R$ 2,00 veio para ficar. "Nós temos aqui quatro ou cinco meses de câmbio acima de R$ 2,00 e isso mostra que veio para ficar", disse.

O ministro, que participou da 32ª Reunião do Fórum Nacional da Indústria, realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em São Paulo, fez comentários sobre a situação do comércio exterior do País e admitiu que houve problemas na relação com alguns países como, por exemplo, a Argentina. Mas afirmou que o governo está trabalhando para achar soluções e mostrou-se otimista em relação à recuperação das exportações.

O ministro disse que o País vive sob uma nova matriz econômica, na qual a política monetária trabalha com o controle da inflação e com juro mais baixo. Além disso, segundo Mantega, o câmbio está em uma "posição razoável, não ainda totalmente satisfatória, e já dá sinais de melhora".

"Estamos usando outros instrumentos para o controle da inflação", afirmou. De acordo com o ministro, as importações diminuíram e as exportações de manufaturados melhoraram, mesmo com um cenário internacional desfavorável. Ele acrescentou que o governo federal segue empenhado para destravar o comércio com a Argentina.

Mantega disse também que o governo trabalha para manter a solidez fiscal com a redução de dívida e na redução de tributos. "Estamos agora com agenda do ICMS e PIS/Cofins para 2013", disse.

O ministro afirmou ainda que o País passa por um período de transição entre a política monetária e cambial. "2012 é um ano que será marcado pela desintoxicação do juro alto, com a implantação de uma nova matriz marcada pelo ganho produtivo", disse.

Segundo ele, o setor produtivo até então havia se adaptado a um cenário com juros altos e o câmbio desvalorizado, que agora mudou. "As empresas faziam aplicações financeiras e o poupador olhava mais para os ativos financeiros. Mas agora têm de migrar para os ativos produtivos", disse o ministro. "A economia demora para se adaptar a essa nova matriz macroeconômica", completou.
Crédito

Em sua palestra, Mantega voltou a criticar a "timidez" na concessão de crédito pelos bancos privados. "O crédito continua retraído, mas já há uma melhoria na demanda", disse. "Estamos em trajetória ascendente de demanda e oferta de crédito".

Mantega avaliou ainda que o cenário macroeconômico melhorou com a desaceleração da inflação. "Já ultrapassamos a corcova e dá para continuar com a política monetária expansionista", afirmou. O ministro avaliou ainda que neste fim de ano e no começo de 2013 a economia brasileira seguirá bem.

Crescimento de 4% em 2013

O ministro da Fazenda também disse que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deve ficar em 4% no próximo ano.
“Temos que contar com o cenário internacional desfavorável, mas mesmo assim iremos crescer”, afirmou. Segundo ele, há a expectativa de uma recuperação da economia norte-americana.

Mantega disse que, nos próximos dias, o governo vai lançar um grande programa de investimentos para melhoria dos sistema portuário do país. Segundo ele, a economia no ano que vem vai estar fundamentada em investimentos tanto do setor privado quanto do setor público. Ele prevê que os investimentos no país cresçam 8% em 2013.

O ministro pediu aos líderes empresariais que apoiem a proposta do governo de redução tarifária da energia elétrica, medida que vem sendo criticada pelas concessionárias. Segundo ele, essa redução pode ajudar a diminuir os custos da produção.

Mantega destacou ainda que a medida de desoneração da folha de pagamento deverá ser ampliada. Hoje, 45 setores são beneficiados pela medida, deixam de pagar a contribuição de 20% ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e arcam com um percentual sobre o faturamento, como forma de compensação. A medida está em vigor por prazo indeterminado.

Ele também pediu apoio aos empresários em torno da proposta que o governo está encaminhando para o Senado de mudanças nas regras do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Para o ministro, essa medida pode ser aprovada entre março e abril do próximo ano. Ele disse que, no primeiro momento, os estados podem ter alguma perda, mas garantiu que o governo federal irá tomar medidas compensatórias.