O governo decidiu atacar a prostituição de meninas na Amazônia em um dos quartéis-generais da rede. O secretário de Direitos Humanos do Ministério da Justiça, Paulo Sérgio Pinheiro, vai se reunir este mês em Boavista, capital de Roraima, com representantes da Polícia Federal e outros escritórios do governo para iniciar uma operação de repressão aos traficantes que aliciam meninas no Norte para trabalhar na América Latina e Europa, onde se prostituem. Pinheiro decidiu se reunir com o Itamaraty para elaborar um plano de cooperação com países como Bolívia, Venezuela e Guiana, em cujas fronteiras prospera o comércio de meninas pobres. As medidas foram tomadas depois que ISTOÉ denunciou o submundo do tráfico de menores.

“Não podíamos ficar imobilizados depois de ler ISTOÉ”, apontou Paulo Sérgio Pinheiro, que defendeu uma ação enérgica das autoridades. O secretário quer que os estrangeiros que fazem turismo sexual no Brasil sejam processados. “Esses machos predadores de jovens prostitutas usam nossas crianças como gado”, afirmou. No Congresso uma moção para investigar o caso foi aprovada. “Falta uma estrutura punitiva para quem comete o crime”, diz a senadora Marina Silva (PT-AC). A Comissão de Direitos Humanos decidiu que irá à Amazônia mapear as rotas de tráfico. “Há uma omissão generalizada das autoridades locais”, concorda o presidente da comissão, deputado Orlando Fantazzini (PT-SP), defensor da idéia de que a exploração da prostituição infantil se torne um crime hediondo.