Cada Estado brasileiro é um país. As diferenças regionais, sejam culturais, econômicas, sociais ou geográficas fazem do Brasil um verdadeiro mosaico de peculiaridades. Por isso, fazer
um ranking da administração pública não é tarefa fácil. Mesmo assim, numa tentativa de contribuir para a divulgação das realizações – e das falhas – dos governadores, ISTOÉ decidiu mapear e comparar o desempenho de suas gestões. A missão foi entregue ao Centro de Pesquisas, Análises e Comunicação (Cepac). Reunindo diversos indicadores dos 27 Estados, registrados pelo Ibope, IBGE, Tesouro Nacional e Banco Central,
o instituto elegeu os melhores e os piores administradores.

A metodologia da pesquisa partiu de três parâmetros para avaliar os governadores: um político, com base nas últimas pesquisas de avaliação dos governos; um financeiro, analisando a evolução da dívida pública de cada Estado; e um social, observando a evolução dos investimentos em saúde e educação. Exceto a área social, que teve peso dois – um para cada setor –, os outros dois parâmetros ganharam peso um. Convertidos para a mesma escala, quem teve o melhor desempenho ganhou 100 e, o pior, zero. Ao final, os números de cada governador nos três quesitos foram somados e divididos por quatro, resultando no ranking geral. O cientista político Rubens Figueiredo, coordenador do trabalho, optou por dar mais importância à saúde e à educação porque, segundo ele, “a finalidade de um governo é melhorar a vida da população”.

Ainda assim, Figueiredo diz que gostaria de ter levado em conta indicadores relevantes, como mortalidade infantil. Porém, a maioria dos dados disponíveis está defasada. Além disso, o cientista político lamenta que a pesquisa não identifique quais foram as dificuldades econômicas dos governadores durante a gestão. “Alguém pode ter tido pior desempenho porque simplesmente herdou um Estado quebrado. Mas isso seria impossível de se saber”, explica. O resultado final foi confirmado pelas urnas neste ano: dos dez governadores mais bem colocados no ranking do Cepac, oito se reelegeram ou fizeram o sucessor. Assim como, dos dez piores, sete não garantiram a vaga para o próximo mandato.

Outros fatos corroboram a pesquisa. O governador do Espírito Santo, José Ignácio Ferreira, viveu um verdadeiro inferno astral durante seu mandato. No ano passado, acusações de corrupção o levaram a sofrer um processo de impeachment. Foi obrigado a abandonar o PSDB,
partido que ajudou a fundar no Estado, para não ser expulso. Além
disso, neste ano, o Espírito Santo esteve à beira de uma intervenção federal, depois de radiografada a influência do crime organizado nos
três poderes locais. Coerentemente, José Ignácio está em último lugar
no ranking. Seu colega de cargo, o tucano Dante de Oliveira,
governador do Mato Grosso, ficou com a 25ª colocação, e não
aparece entre os 15 primeiros em nenhum dos três rankings.