Escovar os dentes é um ato praticado diariamente. Por isso, era de se imaginar que a maioria das pessoas soubesse fazer uma boa limpeza, até pela experiência adquirida. Mas a verdade é que muita gente não faz uma escovação correta. O resultado é que os índices de cáries e outras complicações bucais, como as inflamações na gengiva, são altos entre os brasileiros. A falta de conhecimento de como manejar a escova é verificada inclusive entre quem deveria entender bem do assunto. “Fiz uma pesquisa entre estudantes de odontologia e descobri que eles demoram de 18 a 30 segundos para fazer a higiene bucal. Imagine só o resto da população”, comenta o dentista Wilson Trevisan, professor da Universidade Estadual de Londrina.

De fato, o correto seria que as pessoas dispensassem de três a sete minutos, após as refeições, cuidando dos dentes. Esse é o tempo necessário para que cada um deles seja limpo, nas suas cinco faces. E há outros erros importantes e comuns. Usar escovas duras ou abusar na quantidade de pasta estão entre eles. “O dente é como um piso liso empoeirado. Não adianta um escovão, sabão e força. Tem de ser de leve”, explica Miguel Nobre, presidente do Conselho Federal de Odontologia.

Na verdade, muitos acreditam que comprando o último lançamento de escova fazem o melhor por seus dentes. Mas isso é equívoco. O importante numa escova é que suas cerdas sejam macias. Outro engano é usar uma escova mesmo se as cerdas estiverem tortas (o que limpa os dentes é a ponta das cerdas).

Os movimentos feitos com a escova podem variar. As pessoas que têm retração de gengiva, por exemplo, devem manejá-la de cima para baixo, como se empurrassem a gengiva de volta para o lugar. Os outros movimentos recomendados são o circular e o vai-e-vem curto (empurrar a escova na horizontal e de dois em dois dentes). É importante que o movimento seja repetido pelo menos cinco vezes sobre cada dente, e sem força. Se a mão pesa demais, há o risco de retração da gengiva e desgaste da parte mais sensível do dente que fica exposta, o que causa dor e sensibilidade. Para quem gosta de encher a escova de pasta, um alerta: o produto atrapalha se for usado em demasia. Primeiro porque causa um excesso de espuma, o que obriga ao constante esvaziamento da boca, prejudicando a escovação. E depois porque a sensação de frescor que a maioria dos cremes dentais oferece pode fazer com que o indivíduo tenha a falsa impressão de que os dentes já estão limpos antes da hora.

O uso do fio dental é imprescindível. Como a escova atinge três das cinco faces dos dentes, outras duas continuarão sujas sem a sua utilização. O empresário André Padilha, 36 anos, de Brasília, só começou a passar o fio depois de fazer um tratamento odontológico estético caríssimo. “Antes tinha preguiça”, lembra. A mudança valeu a pena. Na última vez em que foi ao dentista, não encontrou nenhuma cárie. De fato, uma boa higiene é a melhor prevenção contra o problema, causado pelo acúmulo de bactérias sobre os dentes.

Escovar a língua também é fundamental. Isso pode ser feito com a própria escova ou com um limpador específico (vendido em farmácias). Quem quiser ter certeza de que faz uma boa higiene pode recorrer ao evidenciador de placa (encontrado em farmácias ou nos consultórios dentários). São pastilhas que colorem as partes sujas. “Dessa maneira, sabe-se os locais que não estão bem limpos”, explica o dentista Luciano Krebs, de Brasília.