A tão sonhada retomada da economia brasileira está mais longe do que se pensava no início do ano. Já é corrente entre empresários e economistas que em 2002 vamos repetir os pífios resultados de anos anteriores. O boletim de abril do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado na quarta-feira 22, mostrou o que muita gente esperava: houve uma piora generalizada em todas as projeções favoráveis dos indicadores econômicos. A estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) caiu de 2,5% para 2% – taxas consideradas insuficientes para sustentar uma economia como a brasileira. No ano passado, o PIB cresceu 1,5%.

“O País tem potencial de crescer entre 3,5% e 4% ao ano sem provocar nenhum desequilíbrio”, diz o ex-presidente do Banco Central Gustavo Loyola. As causas para a reversão nas projeções do Ipea incluem o nervosismo provocado pelo quadro eleitoral, passam pelo crescimento da inflação e pela queda no rendimento real médio no primeiro trimestre e deságuam na teimosia do governo em não reduzir a taxa básica de juros.

A decisão do Banco Central de manter os juros congelados em 18,5%, tomada na quarta-feira, não foi exatamente uma surpresa, mas acabou causando muita frustração, especialmente no setor produtivo. O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Horácio Lafer Piva, reagiu com ironia: “A única esperança agora é que a Seleção traga a Copa.” Piva disse ainda que esperava um gesto mais ousado do Banco Central, uma injeção de ânimo no empresariado. “Começamos o ano com previsão de crescimento de 3%, depois baixamos para 2,5% e agora, se conseguirmos 2%, já podemos nos dar por satisfeitos”, afirmou Piva.