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Os lutadores Anderson Silva e Júnior Cigano, campeões do UFC, e os judocas Leandro Guilheiro e Sarah Menezes, campeões olímpicos, vão protagonizar a partir desta quinta-feira (8) uma campanha do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) contra os homicídios por motivos fúteis no Brasil, como brigas de trânsito e de bar. Com slogans como "Conte até 10. A raiva passa. A vida fica", a ação pretende mostrar aos brasileiros que os assassinatos cometidos por impulso, respondem por entre 25% e 80% dos homicídios, dependendo do Estado.
 
Ídolos nacionais e com fama de bons de briga nos ringues e tatames, os atletas foram escolhidos para levar uma mensagem de paz nas ruas. "Quem é da paz não briga" e "Sua vida vale mais que qualquer briga" são outros slogans da campanha.
 
O material de divulgação inclui jingles, anúncios para jornais e revistas, ações em mídias digitais, em redes sociais e games. A veiculação ocorrerá de forma gratuita em mais de 26 emissoras de televisão nacionais e regionais, abertas e a cabo, 115 rádios em todo o País, 35 revistas e 40 jornais, além de portais de internet e mídias alternativas, como cinemas, mídia indoor, entre outras.
 
Segundo o CNMP, também está em produção, em parceria com o Ministério da Educação, uma cartilha educativa para orientar professores sobre como tratar o tema da violência nas salas de aula. O material deverá ser distribuído em todo o Brasil a partir de 2013.
 
Estatísticas
 
Homicídios cometidos por impulso ou por motivos fúteis representaram 100% do total de assassinatos com causas identificadas registradas no Acre em 2011 e 2012. Em outros estados, o índice supera os 80%, como em São Paulo (83%, nos últimos dois anos) e em Santa Catarina (82,13%, em 2012). Os dados foram divulgados nesta quinta (8) pelo Conselho Nacional do Ministério Público.
 
De acordo com o levantamento, a taxa de homicídios cometidos por impulso ou por motivos fúteis chegou a 63,77%, em Goiás, em 2012; a 50,66%, em Pernambuco, em 2011; a 43,13%, no Rio Grande do Sul, em 2011; e a 26,85%, no Rio de Janeiro, no período de janeiro de 2011 a setembro de 2012.
 
Os estudo foi elaborado a partir de dados sobre homicídios remetidos ao Ministério Público por 15 estados e pelo Distrito Federal. Foram incluídos na categoria impulso e motivo fútil homicídios relacionados a casos de briga, ciúme, conflito entre vizinhos, desavença, discussão, violência doméstica e desentendimentos no trânsito.
 
Algumas mortes decorrentes de vingança e rixa, por exemplo, podem ocorrer tanto por impulso quanto ser premeditadas. O estudo incluiu esses crimes na categoria impulso por estarem normalmente associados à atuação impulsiva do autor do crime.
 
Banalização da vida
 
Para o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, os resultados da pesquisa são impressionantes. “São crimes que decorrem de atitudes impulsivas ou de motivos fúteis e que poderiam ser facilmente evitados se houvesse mais tolerância, calma e uma atitude mais pacífica”, avaliou.
 
Gurgel destacou que o estudo engloba os chamados crimes do dia a dia, como os cometidos dentro de casa, por vizinhos, nas escolas, em bares e em estádios. “É uma fechada no trânsito, uma discussão na fila do banco porque alguém passou na frente. Homicidas todos somos em potencial”, disse. “A tentativa da campanha é evitar a banalização da vida”, completou.
 
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, ressaltou que a cultura da violência é difícil de ser combatida e que o cenário só pode ser alterado por meio da integração entre o governo e a sociedade. Uma das ações que contribuem para a redução de homicídios cometidos por impulso ou por motivos fúteis, segundo ele, é a Campanha do Desarmamento. “Ter uma arma ao lado, muitas vezes, faz com que as pessoas não contem até dez".