Alex Murphy fazia parte de um grupo de elite da polícia americana. Durante uma ação, levou um tiro e morreu. A história acabaria aí não fosse o diretor de cinema Paul Verhoeven ter usado o cérebro de Murphy para controlar o corpo de um ciborgue. Assim nascia Robocop, o policial meio máquina, meio gente, que fez sucesso nas telonas e na tevê. Hoje, quase duas décadas depois, centros de pesquisa ligados ao Departamento de Defesa dos EUA criaram tecnologias que põem os soldados americanos em pé de igualdade com o personagem fictício. Os EUA esperam que em 20 anos a parafernália tecnológica dê poderes para um soldado lutar sozinho contra 20 oponentes. Os fabricantes de material bélico, por sua vez, não dormem no ponto. Desenvolveram armas e equipamentos que fazem o arsenal das tropas aliadas na invasão da Normandia, na Segunda Guerra Mundial, parecer brinquedo de criança. “Hoje, as máquinas aniquilam o campo inimigo de tal forma que os soldados só têm que efetivar a ocupação do território”, diz Ricardo Chilelli, consultor em segurança.

O soldado do futuro usará vestimentas com sensores implantados no tecido que podem, entre outras coisas, acompanhar os sinais vitais dos recrutas e os enviar a uma central de comando. A roupa também muda de cor dependendo do ambiente e é inteira à prova de balas. Essas mudanças farão com que o peso carregado por um recruta baixe dos atuais 45 kg para cerca de 20 kg. Não é à toa que o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), responsável pelas inovações, caiu nas graças do Exército americano. Até com músculos artificiais os combatentes reais já podem contar. Uma fibra consegue reproduzir o movimento muscular dos mamíferos, só que 100 vezes mais potente. “Vamos construir a roupa do Super-homem”, brinca o químico Timothy Swager.

O MIT criou também veículos não tripulados para rastrear o território adversário e enviar informações à base por satélite. O soldado, por sua vez, poderá saber a localização exata de seu adversário através de um painel instalado em seu visor. Sua pistola poderá disparar eletronicamente dezenas de milhares de tiros e, segundo a fabricante australiana MetalStorm, não vai funcionar em mãos alheias. Um dispositivo de rádio-frequência atrela a arma ao soldado. Equipamentos programados para dar suporte às tropas em solo também estão saindo do forno. A Boeing faz os últimos testes com um canhão a laser, adaptado a um 747-400, que poderá destruir qualquer alvo em terra firme. Se o piloto mudar a frequência dos raios, a arma poderá ser usada também para dispersar tropas em solo, causando uma sensação de dor intensa nos soldados. Nesse caso, a traquitana funciona como um grande microondas. Já existem protótipos de jipes equipados com esse tipo de arma não letal para serem usados em cidades.

Outra novidade são os mísseis aéreos supersônicos, que, envolvidos por um tubo de ar, serão lançados de um novo destróier da Marinha com uma velocidade até sete vezes maior que a do som. A Marinha também vai contar com um novo porta-aviões, de quase 350 metros, que levará caças S-35. As Forças Aéreas terão caças e helicópteros que escapam de radares e com sistemas de pressão que isolam a cabine contra agentes químicos ou biológicos. Serão capazes ainda de lançar mais de um míssil ao mesmo tempo. Um programa de computador receberá as coordenadas por satélite e a mira buscará o alvo automaticamente. “Será como jogar um videogame”, diz Domício Proença Júnior, coordenador do Centro de Estudos Estratégicos da Coope/UFRJ.

Todo esse poderio bélico avassalador é fundamental para que os EUA liderem a caçada ao “mal” invisível, argumento usado pelo presidente George W. Bush
para invadir o Iraque – um dos países do “eixo do mal”. “É o que justifica um investimento de quase US$ 500 bilhões em defesa. Sem essa supremacia não é possível agir unilateralmente”, diz Clóvis Brigagão, pesquisador da Universidade Cândido Mendes. Até 2025, o Pentágono quer que as Forças Armadas do país estejam equipadas com todo o tipo de arsenal tecnológico. Vale lembrar que, com o avanço tecnológico, haverá registros de todas as operações e várias fontes de informação. Isso será muito útil para checar as responsabilidades em casos de bombardeios a bairros civis, a igrejas ou ainda em casos de torturas cometidos contra prisioneiros de guerra.

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