Assista a alguns trechos dos cursos disponíveis no site Veduca :

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FACILIDADE
Mestrando em biotecnologia, Azevedo assiste a vídeos
para desfazer as dúvidas do seu curso presencial

No conforto da cadeira do escritório, com pausas ao gosto do estudante, sem burburinho de conversa alheia, a qualquer hora do dia (ou da madrugada), de graça ou com um custo mínimo e tendo como mestres os professores das principais universidades do planeta. Sonho de qualquer pessoa estudiosa, as salas de aula virtuais têm tornado possível acessar, seja lá de onde for, aulas das melhores universidades do planeta. É possível assistir a um professor do Massachusetts Institute of Technology (MIT), da Universidade de Harvard ou mesmo viajar ao outro lado do globo para uma classe da Universidade de ­Ciência e Tecnologia de Hong Kong, bastando, para isso, computador e internet banda larga. ?Aprender de jeitos diferentes é uma forma de fortalecer o conhecimento. Pelas aulas, dá para pegar com mais rapidez conceitos que você demoraria a entender por meio de livros?, diz o mestrando em biotecnologia Hatylas Azevedo, 24 anos, que descobriu o recurso há pouco mais de um ano.

Assim como Azevedo, cada vez mais estudantes aderem às classes pela internet. ?Tudo começou em 2002, quando o MIT colocou algumas aulas na rede, mesmo antes de o YouTube existir?, conta o engenheiro Carlos Souza, que lançou neste ano a primeira plataforma brasileira voltada para esse segmento, a Veduca. A novidade é que agora esses conteúdos começam a ser agregados sob um único guarda-chuva, que tem como vantagem reunir em uma mesma página vídeos de diferentes escolas. Só em 2012, foram lançados o Coursera, a Classroom TV, e a edX (leia quadro). Essa última, uma parceria entre os gigantes da educação MIT e Harvard, promete revolucionar o modelo ao emitir certificados para os alunos das classes virtuais. Na prática, isso permitirá a um estudante brasileiro obter um título (por enquanto, apenas de cursos de curta duração) de duas das principais universidades do mundo sem precisar arcar com os gastos das mensalidades e da viagem para o Exterior. ?A edX é uma referência para todos nós. Se esse sistema der certo com eles, certamente chegará à nossa plataforma?, diz Souza.

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"O professor de Harvard Michael Sandel é alguém com
quem eu sempre quis ter esse contato direto, da aula"

Jaqueline Abreu, uma das alunas escolhidas para as classes virtuais de Sandel no Brasil

Um dos segredos do sucesso das classes por internet é mostrar o docente por trás do pesquisador que, para o aluno, é apenas uma referência bibliográfica. O professor Ronaldo Porto Macedo Júnior, do curso de direito da Fundação Getulio Vargas (FGV), está acompanhando a realização das aulas inéditas no Brasil de um desses pesquisadores descobertos no mundo virtual, o americano Michael Sandel. Titular da universidade de Harvard, Sandel é a atração da série ?Justice?, sobre os dilemas morais na sociedade contemporânea, e virou uma estrela. Seus cursos estão disponíveis nas principais plataformas, sempre entre os mais acessados. O sucesso digital o encorajou a testar um novo formato de classe global: alunos de diferentes nacionalidades interagem por meio da transmissão simultânea da aula para seus países. O projeto, em segunda edição, incluiu o Brasil pela primeira vez, com dez alunos, e teve sua primeira aula na semana passada. ?Michael Sandel é alguém com quem eu sempre quis ter esse contato direto da aula?, diz Jaqueline de Souza Abreu, aluna de direito da Universidade de São Paulo (USP) e uma das escolhidas para as classes virtuais.

No Brasil, a popularização dos cursos online das universidades top ainda encontra barreira no idioma. ?A maior parte das aulas é em inglês e apenas 2% dos brasileiros têm inglês fluente?, diz Souza, da Veduca. Por isso a aposta da plataforma nacional é legendar os conteúdos dos cursos estrangeiros. Por enquanto, apenas 5% das cinco mil aulas estão disponíveis em português, mas a previsão é de que o número cresça rápido daqui em diante. ?Conseguimos um investimento e estamos iniciando uma tradução em massa dos conteúdos?, conta Souza. O idioma pode não ser a única barreira para o estudo por plataformas virtuais. ?Se o aluno pretende fazer um curso virtual, ele vai ter de se dedicar como se dedicaria a um curso tradicional, com a diferença de que vai precisar ser um pouco autodidata?, considera Maria Alice de Moraes, coordenadora de educação a distância do Departamento de Economia e Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Catarina. Para a especialista, muita gente entra em formações online pensando que ali poderá ter menos disciplina do que em um curso tradicional, o que não é verdade. A tecnologia avança e pode até mudar as formas de transmissão de conhecimento, mas dedicação de tempo, disciplina e organização seguem sendo matéria-prima essencial dos bons estudantes.

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Fotos: Rafael Hupsel/Ag. Istoé; Kelsen Fernandes