O silêncio de Serra e a candidatura de FHC

O silêncio do senador José Serra é o dado mais curioso desse período pós-eleitoral. Serra tem entrado calado e saído mais calado ainda
dos corredores do Senado Federal. Sorriso amarelo, também não tem feito questão de dar entrevistas. O motivo de tanto desconforto é um só: o presidente Fernando Henrique Cardoso. O ex-candidato tucano à Presidência chegou a pensar que, mesmo perdendo as eleições, do alto de seus 33 milhões de votos, sairia da disputa com o comando do PSDB. Primeiro foi acossado pelo governador eleito de Minas, Aécio Neves. Mas isso ele já esperava. Estava preparado para ser a força de oposição a Aécio no partido, marcando um discurso mais oposicionista ao PT do que o futuro governador poderá fazê-lo. Aí veio a grande descoberta. Quem está se preparando
para chefiar o tucanato oposicionista é FHC. Os assessores mais próximos do presidente apostam dez contra um que FHC está candidatíssimo à sucessão de Lula. Ou seja, já está ocupando o espaço em que Serra sonhava acampar. Daí tanto desconforto.

Família internacional

Parlamentares de Fortaleza vão pedir explicações ao presidente
da Câmara de Veradores, José Maria Couto, sobre o emprego de
seus parentes. Os vereadores apuraram que recebem salários daquela casa legislativa a filha de Couto, que mora em Londres, e a filha
do primeiro casamento de sua mulher. A moça mora nos EUA com
o marido, que também está na folha de pagamentos da Câmara.

MP da transição

FHC vai editar uma medida provisória a pedido de Lula. O Tesouro
deve creditar em dezembro, para pagar em janeiro, o dinheiro da
bolsa-renda que paga R$ 30 a 1,4 milhão de famílias em 809 municípios flagelados pela seca. Se o dinheiro não for creditado até o dia 20, a bolsa não sai. Como a decisão começa num governo e repercute no outro, a MP foi combinada entre o Planalto e a equipe de transição.

Arrastão na tropa

O general Alberto Cardoso gostaria muito de sobreviver, no governo
Lula, como secretário de Segurança Pública. Também se contentaria em ser o novo comandante do Exército. Mas, como é um general “moderno” no Almanaque, arrastaria boa parte dos generais da ativa para a
reserva compulsória. Se é o que Lula quer, talvez seja uma boa idéia.

Laranjal

Altevir Leo Martins, acusado de ser o “laranja” do deputado
Inocêncio Oliveira na compra de apartamentos na Paraíba, deixou
rastros também em Foz do Iguaçu. A procuradoria da República
localizou vestígios de Altevir em contas na cidade fronteiriça normalmente usadas para mandar dinheiro para o Exterior.

Rápidas

O futuro presidente da Caixa Econômica Federal deve ser
Waldomiro Diniz, um ex-assessor de José Dirceu. Mas vem
na conta de Garotinho, que o nomeara presidente da Loterj.

Foi longa a conversa de Lula com Miguel Arraes, na
quinta-feira 5. Tudo para acharem uma forma de não ficarem
nas mãos de Garotinho na escolha do ministro do PSB.

Já entre Brizola e Lula, o problema é a tal verticalização
dos cargos. O capo do PDT só aceita ministério em que
ele possa indicar todos os nomes do segundo escalão.

A bancada ruralista do PFL, liderada por Ronaldo
Caiado (GO), ameaça deixar o partido se o deputado
baiano José Carlos Aleluia for eleito líder na Câmara.