Chamada.jpg
OLHO GORDO
Governo cubano quer aumentar para mais de
US$ 2,3 bi­lhões as remessas que entram no país

Na sequência de uma série de reformas iniciadas por Raúl Castro há dois anos, o governo de Cuba anunciou na semana passada a extinção do visto de saída para os cidadãos que quiserem deixar a ilha. A partir de 14 de janeiro do próximo ano, quem tiver um passaporte válido em mãos e uma permissão de entrada em outro país estará, em tese, livre para viajar. Trata-se da mais importante mudança da política migratória em 50 anos. A liberdade, no entanto, ainda pode ser regulada pelas autoridades e tem um preço. Em dificuldades econômicas, o governo cubano precisa desesperadamente aumentar o ingresso de remessas de dinheiro estrangeiro. Segundo o grupo The Havana Consulting, quase US$ 2,3 bilhões entraram em Cuba no ano passado, via remessas de famílias de origem cubana que vivem principalmente nos Estados Unidos. O valor é 19,5% maior do que o enviado em 2010, e, na avaliação de integrantes do governo, pode ser aumentado. Há dez anos, o total do dinheiro enviado era pouco mais de US$ 1 bilhão. Estima-se que mais de um milhão de cubanos vivam nos EUA. “O que o governo realmente quer são os dólares de fora”, disse à ISTOÉ o cubano Jose Azel, professor do Instituto de Estudos Cubanos e Cubano-Americanos da Universidade de Miami, nos Estados Unidos. Segundo o professor, países da América Latina, como o Brasil, também serão pressionados a adotar uma nova política para a concessão de vistos a cubanos, considerando que muitos podem não querer voltar à ilha.

Atualmente, em Cuba, além da autorização prévia do governo – o chamado cartão branco – para poderem viajar, os cidadãos precisam pagar por uma carta-convite do país de destino. A necessidade desse documento também será extinta. Assim, a medida foi considerada de grande apelo popular, embora médicos, cientistas, atletas, dissidentes e opositores ao regime comunista de Castro ainda sofram restrições para sair do país. A nova medida também estende de 11 para 24 meses o tempo que os cidadãos cubanos podem permanecer em solo estrangeiro sem perder seus bens nem benefícios como assistência médica. Desde 2010, Raúl Castro já havia autorizado o trabalho autônomo e flexibilizou as regras para a venda de eletrodomésticos, celulares e imóveis. 

IEpag98_Cuba.jpg

Foto: Hermes images/tips/glow images