O americano Robert Ballard é o explorador submarino mais reconhecido do mundo. Com 40 anos de carreira e 120 expedições no currículo, ele é responsável pelas descobertas de um navio bizantino de 450 a.C., do navio de batalha alemão Bismarck e até de uma peça esculpida em pedra com cerca de 7,5 mil anos. Apesar de todos esses tesouros históricos, o feito mais popular de Ballard foi a descoberta do local onde o luxuoso transatlântico Titanic afundou em 1912, após colidir com um iceberg e vitimar a maior parte das duas mil pessoas que estavam a bordo.

Imagens feitas na ocasião da descoberta de Ballard, em 1985, revelaram que internamente o navio ainda era um verdadeiro museu, com móveis e tapeçaria intactos. A exploração virou uma reportagem para a revista e para o canal de tevê pago National Geographic, instituição na qual Ballard é pesquisador-residente. Quase 20 anos depois, ele retornará às ruínas para verificar o atual estado da embarcação. Teme-se que as inúmeras visitas turísticas ao local tenham
contribuído para a deterioração do navio, que, apesar de ter sido tombado
pelos EUA, recebe curiosos de vários países. Cerca de seis mil artefatos já foram levados como suvenires.

Além da bandeira pela preservação histórica, a expedição de Ballard é marcada pelo uso da tecnologia. A equipe será monitorada por um navio do departamento americano de controle oceânico, o NOAA, que flutuará sobre o local do naufrágio. “Eles serão para nós o que a base de Houston da Nasa (a agência espacial americana) é para os astronautas. Até porque a expedição é quase como ir à lua”, compara Ballard. Informações fornecidas via satélite pelo sistema GPS controlarão a aproximação do navio milímetro a milímetro, garantindo que nada seja tocado. O megacomputador Hércules comandará sete câmeras digitais de alta definição e processará informações sonares. Argus, outra máquina, funcionará como um sol submarino, uma vez que o Titanic está a quatro mil quilômetros de profundidade, em total escuridão. “Nada será melhor do que iluminá-lo novamente”, diz Ballard.

A expedição levará 11 dias para ser concluída e as imagens obtidas estarão no documentário De volta ao Titanic,
que vai ao ar no dia 7 de junho às 22h, quando Ballard ainda estará submerso. Os últimos minutos da produção serão
os mais emocionantes, transmitidos ao vivo para o mundo todo. Apesar da popularidade da descoberta, o explorador ressalta que a sua maior contribuição foi chamar a atenção para o museu que há no fundo do mar. “Cerca de um milhão de navios antigos estão se desintegrando nas profundezas, muitos deles com uma importância histórica bem maior que o Titanic. Sei que se falasse sobre navios fenícios encontrados no Mar Negro dificilmente alguém teria interesse em me escutar”, lamenta Ballard.