Fotos: Divulgação

Fenômeno climático em Tóquio: granizo do tamanho de um ovo de avestruz

Há um compreensível, porém óbvio exagero cinematográfico em O dia depois de amanhã (The day after tomorrow, Estados Unidos, 2004), que tem estréia nacional e mundial na sexta-feira 28. Mas, levando-se em conta a destruição acelerada e o total descaso com a natureza, a ficção de Roland Emmerich faz sentido e serve como alerta contra as futuras gigantescas catástrofes que, de certa forma, já vêm acontecendo em proporções nada desprezíveis ao redor do planeta. Familiarizado com desastres em massa na tela do tipo Independence day e Godzilla, Emmerich desta vez radicalizou, para não dizer politizou, ao falar de uma mudança abrupta do clima na Terra causada pelo aquecimento global. Bem que o climatologista Jack Hall (Dennis Quaid) tinha avisado a alta cúpula do governo americano sobre o cataclismo, depois de presenciar, numa expedição de pesquisa na Antártica, a separação de uma geleira de área equivalente à cidade de São Paulo.

A partir da cena grandiosamente impressionante, uma sucessão de fenômenos começa a castigar o mundo inteiro. É quando tornados duplos arrasam Los Angeles, neve cai em Nova Délhi e pedras de granizo do tamanho de um ovo de avestruz achatam Tóquio. Claro que o volume do impacto, como a improbabilidade de furacões em Los Angeles, e a escala de tempo minimizada na ocorrência destes fenômenos foram feitos para atender aos padrões hollywoodianos. Mas as causas, também guardadas as devidas proporções, são praticamente as mesmas que temos ouvido nas duas últimas décadas. No filme, com o derretimento da calota polar e a consequente quantidade astronômica de água doce depositada nos oceanos, o equilíbrio das correntes se rompe, provocando uma total desestabilização climática que leva o planeta a uma nova era glacial. Há, contudo, um lado irônico no filme de Emmerich. Com a devastação do hemisfério norte, a população dos Estados mais ao sul dos Estados Unidos se vê obrigada a invadir a fronteira do México, fazendo o caminho inverso dos ilegais cucarachos que diariamente tentam entrar em campo yankee. Tem até um agradecimento do apatetado presidente americano aos “países do Terceiro Mundo”, que solidariamente acolheram os irmãos do norte. Em Hollywood, catástrofe também é comédia.


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