Custódio Coimbra/EFE

Caos: as rajadas de até 120 km/h arrasaram Saquarema e levaram um barco às alturas

Os fenômenos climáticos registrados no litoral de Santa Catarina, no fim de março, e em Saquarema, Rio de Janeiro, na semana passada, reforçam uma tese básica: está mais do que na hora de o Brasil se preparar para enfrentar furacões e violentos ciclones. Segundo Isimar de Azevedo Santos, professor do Departamento de Meteorologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o serviço de meteorologia britânico identificou pela primeira vez, na terça-feira 18, sinais concretos de que o caos pode voltar a pairar sobre o Brasil. Através de modelos matemáticos que descrevem a atmosfera da Terra, os especialistas localizaram dois pontos no País nos quais as catástrofes têm mais chances de acontecer. Eles acharam uma linha perto do litoral catarinense e outra na região dos Lagos, no Rio. “Nunca vi uma indicação tão nítida dada por uma instituição especializada. É impressionante”, diz Santos.

Que o aquecimento global levaria ao aumento de atividades inesperadas na meteorologia, todo mundo já sabia. Porém, essa é a primeira vez que o Brasil aparece em prognósticos científicos. Há um consenso entre os pesquisadores de que é necessário começar um trabalho de prevenção na Defesa Civil e treinar a população para as anomalias climáticas. A experiência é uma das razões pelas quais os EUA perdem relativamente poucas vidas em catástrofes naturais. O meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) Luiz Cavalcanti avisa: “O que aconteceu em Santa Catarina foi um furacão e na natureza é assim: quando um fenômeno acontece uma vez, ele pode se repetir. As pessoas precisam se preparar para prevenir e enfrentar os fenômenos da natureza”, explica.

Não foi o que se verificou em Saquarema, que no sábado 15 foi chacoalhada por ventos de até 120 quilômetros por hora. Ao todo, foram duas mil casas atingidas. Quarenta e oito ficaram destruídas e 506 tiveram sérias avarias. Um barco foi atirado longe e ficou preso a um poste, as árvores foram arrancadas e as pedras, arremessadas. Não houve vítimas fatais, mas a cidade está em estado de choque e com medo de nova ocorrência.

É justamente para tentar reduzir os prejuízos nas áreas urbanas que especialistas da Organização Meteorológica Mundial, a agência climática das Nações Unidas
que congrega 187 países, acabam de lançar uma campanha pela melhoria e antecipação dos alertas e dos preparativos para os desastres naturais. Segundo estudos da Organização das Nações Unidas (ONU), no ano passado 700 inundações, tempestades e outras calamidades mataram 75 mil pessoas no
mundo e causaram um prejuízo de US$ 65 bilhões. A maioria das vítimas (98%) estava em países mais pobres. A grande diferença entre as nações ricas e as pobres está no preparo. O foco da ONU é motivar as nações mais desenvolvidas a equipar e preparar as agências meteorológicas dos países em desenvolvimento, entre eles o Brasil.
 

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