Fotos: Hiroto Yoshioka

Variedade: quadros ganhos por FHC quando estava no Planalto

O Instituto Fernando Henrique Cardoso (iFHC) foi criado em dois anos com doações de empresários pesos pesados para ser um centro de debates políticos e temas que interessem ao País, como os desafios das metrópoles, a miséria, a violência e até as inovações tecnológicas. A entidade, segundo o próprio FHC, foi inspirada nos moldes da Fundação Mário Soares, criada pelo ex-presidente português. Em grande estilo, a inauguração do Instituto Fernando Henrique Cardoso reúne em São Paulo, no sábado 22, alguns dos principais expoentes da social-democracia internacional, também conhecidos como líderes da “Terceira Via”. O ex-presidente americano Bill Clinton fará um seminário do qual participarão o ex-primeiro-ministro francês Leonel Jospin, o ex-primeiro-ministro português António Guterres, e o sociólogo catalão Manuel Castells. Outra estrela do socialismo cor-de-rosa, o espanhol Felipe González, só não veio por causa do casamento do herdeiro do trono espanhol, o príncipe de Astúrias.

Fotos: Hiroto Yoshioka

No centro: o iFHC fica no coração de São Paulo

Instalado no coração de São Paulo, no vale do Anhangabaú, o iFHC tem janelas de frente para o escritório da prefeita Marta Suplicy (PT), com quem provavelmente, o candidato do PSDB, José Serra, travará em novembro nas urnas uma árdua disputa pela administração da cidade. O iFHC abriga uma biblioteca com cerca de dez mil livros, desde exemplares que foram do marechal Inácio Batista Cardoso, avô do ex-presidente, até autores do mundo inteiro. Uma carta de Montesquieu de 1734, endereçada à Academia de Ciência da França, está exposta na mesma parede em que está um documento oficial de 1804 do presidente americano Thomas Jefferson (1801-1809). Ao todo são 15 mil documentos que estarão disponíveis ao público. Entre os retratos de FHC, um chama especialmente a atenção: o que ele está em frente a uma foto de Juscelino Kubitschek, por quem o ex-presidente tem franca admiração. Outra foto de Fernando Henrique, com o lendário Manuelão, personagem do livro Grande sertão: veredas (de Guimarães Rosa), aguarda a vez de ser pendurada.

O iFHC está em um andar onde funcionava o Automóvel Clube de São Paulo, com um auditório para seminários e palestras. Os presentes ganhos por FHC durante suas viagens também estão expostos. Estarão disponíveis ao público milhares de documentos textuais, fonográficos, iconográficos e audiovisuais. Mas as preciosas fitas gravadas durante seu governo, com conversas sobre o destino da Nação, deverão ficar para a posteridade, como afirmou o ex-presidente, que garantiu que usará algumas delas em seus próximos livros. Mas o instituto não funcionará apenas como acervo. “Basicamente, o iFHC está montado em duas pernas; o acervo e um centro de debates pluripartidários. Não há a menor intenção de que seja um lugar do PSDB (partido de FHC). Aqui, qualquer um será tratado como cidadão. Haverá uma programação de eventos de política, economia para discutirmos possíveis políticas públicas e lidar com determinados desafios”, disse Sérgio Fausto, responsável pela programação.