Às vésperas de encarar uma viagem de mais de 30 horas em direção a
Pequim, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ocupou a tevê, em cadeia
nacional, na noite de quinta-feira 20, para tentar acalmar os ânimos da Nação em uma semana especialmente complicada para seu governo. Em plena ressaca provocada pelo affaire da matéria no The New York Times – felizmente resolvido por seu ministro da Justiça –, Lula teve de pilotar um montão de problemas que só fizeram aumentar sua dor de cabeça.

Começou pela prefeita de São Paulo, Marta Suplicy. Em entrevista a ISTOÉ, capa do último número, Lula disse que, com a entrada de Serra na campanha municipal, seria recomendável que a prefeita revisse sua posição de entrar na briga com uma chapa puro-sangue. Para o presidente, “é importante uma aliança com o PMDB em São Paulo”. A prefeita não gostou nada. E pior: ela se nega a acatar o “conselho” presidencial. Diz que em sua chapa estará como vice o petista Rui Falcão.

Outro mico mal resolvido foi o fiasco na votação da emenda de reeleição para as mesas da Câmara e do Senado. Em manobra arriscada e malsucedida, o petista João Paulo Cunha, presidente da Câmara, colocou em votação a emenda que permitiria a recondução dos presidentes. A derrota por apenas cinco votos deixou feridos o deputado João Paulo e o senador Sarney, que esperavam um envolvimento efetivo do Planalto em seu favor, e isso tudo significa, daqui para a frente, mais trabalho do governo para manter a tal da governabilidade.

Para azedar ainda mais a semana, o Comitê de Política Monetária, o Copom (sempre ele!), anunciou na quarta-feira 19 que as taxas de juros permanecem lá em cima, nos 16%. E poderia ser muito pior. A editora Sônia Filgueiras, da sucursal de ISTOÉ em Brasília, apurou que por muito pouco os juros não subiram.

Com tudo isso, espera-se que sua performance na tevê e sua viagem à China ajudem a tranquilizar o País, que precisa, cada vez com mais urgência, achar o caminho do crescimento.