Se Renan e Sarney não se acertam

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio Netto (AM), está eufórico com a possibilidade de lançamento em plenário da candidatura do tucano Tasso Jereissati (CE) a presidente do Senado, conforme antecipou esta coluna. Mas evita contar seus próximos passos. “Vamos ver como evoluirá agora a guerra entre os peemedebistas Renan Calheiros e José Sarney. Se de fato o Sarney apoiar a candidatura do Tasso, acho que temos condições de coesionar o PSDB, o PFL e o PDT. Sairíamos com 33 votos, precisando de apenas mais oito votos do PL, do PTB, dos dissidentes do PMDB, etc.” Virgílio diz, no entanto, que ainda é cedo para lançamentos de candidaturas. “Seja Tasso, seja qualquer outro nome, precisamos antes conversar com o PFL e o PDT para definir a estratégia. E isso vai depender muito dos próximos movimentos do governo. Mas uma coisa é certa: eles já sabem que nós temos nomes de peso para concorrer ao comando da Casa, e com chances de vitória.”

Leopoldo Silva

Opção governista

Caso Sarney e Renan Calheiros não entrem
em acordo, o governo tem alternativa à candidatura
de Tasso Jereissati a presidente do Senado: inflar
o nome de uma mulher para o cargo. Filha de Sarney, a senadora Roseana Sarney (MA) (foto) é do PFL, mas considerada integrante da base governista. Deixaria tiririca o presidente de seu partido, Jorge Bornhausen.

O outro problema de Sarney

O presidente do Senado, José Sarney, não tem só a guerra com o líder do PMDB
no Senado, Renan Calheiros, para administrar. Há também uma confusãozinha doméstica. É que seu filho, o deputado Zequinha Sarney (PV), está se lançando candidato a governador do Maranhão, antes de qualquer acerto com Roseana,
ex-governadora do Estado, e o atual governador, Reinaldo Tavares.

André Dusek

O favor de Heloísa

Enquanto a Câmara derrubava a emenda da
reeleição de presidentes do Congresso, o governo
implorava, no Senado, pela ajuda da radical Heloísa
Helena (foto) para aprovar a nomeação de um diretor da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária. “Estavam tão perdidos que nem pedi que se ajoelhassem”, brincou a senadora.

O poderoso Renan

Renan Calheiros não treme com as ameaças de José Sarney lançar candidaturas alternativas. Nem Tasso Jereissati nem Roseana Sarney! Para Renan, na hora “H” o governo não terá outra opção que não seja apostar todas as fichas em seu nome. E Sarney terá que aceitar o fato consumado.

Rápidas

• Na votação da reeleição, quem chegou mais perto das baixas em torno de João Paulo foi a deputado Rose de Freitas (PMDB-ES), encarregada pelos “contras” de cuidar do mapa de intenção de votos.

• Desabafo de João Paulo a amigos: “Paguei um preço por beneficiar Sarney, e outro pelo ministro José Dirceu, que está desgastado na Casa. Mas tirei um fardo da costas. Me livrei de uma espada na cabeça. Dormi bem e acordei melhor ainda”.

• José Sarney ficou em casa nos dois dias decisivos das articulações para votação da reeleição. Quando viu o resultado, passou a manhã seguinte ligando para senadores e se queixando de deputados aliados que votaram contra a reeleição.

• O ministro Aldo Rebelo venceu a queda-de-braço com José Dirceu.
Conseguiu indicar Fredo Ebling, do PCdoB, para seu chefe de gabinete.
O cargo estava vago desde a saída de Marcelo Sereno, indicado por Dirceu, que queria nomear o substituto.

• O jogo do Brasil contra a França foi acompanhado por dezenas de parlamentares, a convite da Fifa, mas por indicação da CBF. O vôo da alegria para Paris também esteve repleto de jornalistas.