O veleiro First, embarcação de 47,7 pés, com capacidade para 12 tripulantes e fabricado pela francesa Deletataur, não estava entre as preciosidades expostas na bela Marina da Glória. Mas acabou se transformando na maior estrela do 6º Rio Boat Show, um dos maiores salões náuticos da América Latina, que termina no domingo 13, no Rio de Janeiro. Comandado pelo
estudante carioca Hélio Lyra, o barco venceu a regata que leva o nome do evento, realizada no domingo 6. E não foi uma vitória qualquer. A conquista se deu na categoria Oceano, classe IMS. Não por acaso, considerada a Fórmula 1 da vela. Apesar da pouca idade, Lyra, ao leme do ISTOÉ Independente, percorreu as nove milhas do percurso, cerca de 16 km, em uma hora, 34 minutos e 18 segundos. Deixou mais de 400 competidores na espuma. “Conseguimos vencer essa prova superando o campeão brasileiro Sérgio Mirsky. Foi uma grande vitória”, orgulhava-se. A alegria do estudante de direito na Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro era proporcional à façanha. Ele derrotou também o esportista Marcos Soares, medalha de ouro na classe
470 das Olimpíadas de Moscou.

O roteiro da regata encheu de barcos a vela o cenário da Baía de Guanabara. De Jurujuba, os barcos atravessaram a baía até o Museu de Arte Contemporânea, em Niterói. O roteiro seguiu para as ilhas Fiscal e Lage, próximo à Praça XV, no centro do Rio, e retornou para Jurujuba. Entre os tripulantes do barco de Lyra estava o esportista Eduardo Penido, que também ganhou medalha de ouro nas Olimpíadas de Moscou. Outros vencedores da regata do Rio Boat Show deste ano foram Philip Zender, na categoria Optimist; Márcio Kastrup, na J-24; e Vicente Donnici, na categoria Laser.

A regata ocorreu simultaneamente à feira náutica, que juntou em 40 mil metros quadrados os principais lançamentos nacionais e estrangeiros da indústria náutica. A estimativa é de que cerca de 55 mil pessoas visitem a feira. De barcos infláveis a partir de R$ 2 mil às lanchas mais luxuosas, que podem chegar a custar US$ 2 milhões, os 160 expositores deverão gerar negócios perto de
US$ 50 milhões, calcula o organizador do evento, Ernani Parciornik, sócio-diretor da GR Mar Eventos. O setor náutico brasileiro costuma faturar, anualmente, algo em torno de US$ 300 milhões. “A queda do dólar deverá esquentar ainda mais os negócios”, comemora Parciornik.
A vantagem para os fãs do esporte náutico é que muitos barcos já estão sendo fabricados no País. O estaleiro italiano Ferretti, por
exemplo, opera no Brasil há quase uma década, por meio do seu parceiro, o Spirit, de São Paulo. O interesse é tanto que o presidente mundial da Ferretti, Tilli Antonelle, passou a última semana no Rio conhecendo as novidades do Rio Boat Show.

Nomes expressivos do setor naútico estiveram na Marina da Glória. Foi o caso do velejador santista Beto Pandiani, que acaba de realizar um feito inédito na história da navegação. Em parceria com o sul-africano Duncan Ross, ele atravessou com sucesso, a bordo de um catamaran a vela, o temido Estreito de Drake, que separa a América do Sul do continente antártico. Mas nem só de personalidades vive o Rio Boat Show. Os iniciados no esporte têm a chance de pilotar barcos luxuosos e equipados. As crianças também se divertem. Uma equipe da escola de vela C&L fica de plantão estimulando a garotada para o esporte.