Seu nome é English. Johnny English. Mas está a quilômetros do charme, da discrição e da competência de Bond. James Bond. O único vínculo com o famoso agente britânico é o indefectível sotaque. Em compensação, a vontade de Johnny English (Rowan Atkinson) em se transformar no agente número 1 do Serviço Secreto é maior que todas as suas limitações. Fatalidade do destino: com a morte de todos os cobras da organização, sobra para ele encarar a missão de descobrir quem ousou roubar as famosas jóias da rainha nesta gostosa paródia dos filmes de 007, Johnny English (Johnny English, Inglaterra, 2002), estréia nacional na sexta-feira 18.

De trapalhada em trapalhada, English – sempre escoltado pelo assistente Bough (o comediante Ben Miller), muito mais esperto e humilde que o chefe – comete erros inacreditáveis, como acertar a secretária com um tiro de esferográfica, trocar comandos e provas, até, atabalhoadamente, descobrir o caminho que leva ao vilão. E que vilão. Ele é Pascal Sauvage, encarnado pelo irrepreensível John Malkovich, um expert em vilões, mas que nunca se repete ou causa a insuportável sensação de déjà vu de Jack Nicholson. Com precioso sotaque francês, o ator americano dá nobres toques de humor às cenas nas quais ele pretende transformar a ilha daquele “povo insignificante” no maior presídio do mundo. Em tempos de Tony Blair na contramão da opinião mundial contra a guerra, Sauvage é o mais perfeito antídoto politicamente incorreto.