As eleições municipais ainda não acabaram, muitas capitais terão segundo turno, mas agora o jogo é outro. Tanto na política como na economia. E o fato é que 2014 chegou bem mais cedo. Seja na antecipação dos cenários para a disputa presidencial, seja na urgência para os preparativos da Copa do Mundo.

Na política, Belo Horizonte assistiu a uma possível prévia da corrida presidencial, com o confronto entre Dilma Rousseff e o senador mineiro Aécio Neves. Mas nada assegura, a este momento, que os dois serão os nomes na urna eletrônica daqui a dois anos.

A primeira dúvida reside no próprio PT. Nas últimas semanas, o ex-presidente Lula tem sido sistematicamente agredido. O julgamento da Ação Penal 470, para efeito externo, marca seu governo com a mácula da corrupção e da compra de apoio parlamentar. Ocorre que, acima de um julgamento, existe a vontade popular. E há quem diga que Lula não esteja disposto a permitir que o Supremo Tribunal Federal escreva o último capítulo da sua biografia. Paradoxalmente, os que o agridem podem estar empurrando o ex-presidente para uma volta antecipada à arena política.

Com Dilma, o PT provavelmente teria uma vitória eleitoral mais suave e mais tranquila do que com a eventual volta de Lula. Mas já se escutam alguns murmúrios em Brasília de que a presidenta não teria paciência suficiente para encarar dois mandatos, tendo de lidar com a miudeza política. Um já seria o suficiente para inscrever seu nome na história. Nesse cenário, o Brasil repetiria o que ocorreu na Rússia, onde Dmitri Medvedev apenas esquentou a cadeira antes da volta de Vladimir Putin.

Na oposição, o quadro também não é claro. Aécio é o candidato natural, mas, no Planalto, comenta-se que ele seria forçado a disputar novamente o governo de Minas para preservar uma cidadela tucana. Há quem aposte ainda que Geraldo Alckmin será o adversário de Dilma ou Lula. E ainda existem aqueles que tentam cooptar Eduardo Campos, do PSB, para que o governador pernambucano antecipe seu projeto presidencial de 2018 para 2014, aliando-se a partidos como o PSD, o PMDB e o próprio PSDB.

Lula ainda é o dono da bola na política, mas cada vez menos na economia. Prova disso é o fato de projetos desenhados por ele estarem ameaçados. Para a abertura da Copa de 2014, o BNDES ainda não liberou os recursos para o estádio do Corinthians, em Itaquera, e o consórcio responsável pelas obras ameaça interrompê-las.

O governador Alckmin, que havia se comprometido a alugar 20 mil cadeiras da arquibancada para viabilizar o empreendimento, já ameaça tirar o corpo fora, enquanto Brasília corre por fora para abrir o Mundial. Deixar o Itaquerão inacabado seria também uma forma de enfraquecer Lula – o grande alvo da oposição organizada no País.