Assista ao vídeo que mostra uma barata, uma mariposa e um besouro transformados em robôs:

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PROJETO
Ilustração do século 19 já mostrava o sonho de “turbinar” insetos

As baratas podem ser repugnantes para a maioria das pessoas, mas vão acabar se tornando nossas heroínas. Pelo menos é isso que indica um trabalho desenvolvido por pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte (EUA). Eles criaram uma tecnologia que controla a trajetória desses insetos. A ideia é usá-los na localização de vítimas em casos de desastres, explosões ou campo de batalha. É mais um passo na ciência que equipa insetos, em vez de produzir robôs a partir do zero.

“Os insetos exibem uma habilidade inigualável de navegar por uma grande variedade de ambientes mantendo o controle e a estabilidade”, diz Alper Bozkurt, professor-assistente de engenharia elétrica e computacional da universidade. Para transformar as baratas em robôs, os cientistas inseriram nos insetos um chip composto por um receptor e um transmissor sem fio. As antenas e os cercis – pequenos pelos abdominais que detectam movimento no ar, como as birutas de aeroportos – foram ligados a esse sistema. “Por meio do toque das antenas, as baratas formam um mapa mental do ambiente onde estão”, diz Bozkurt. Usando um joystick, os cientistas enviaram pulsos elétricos ao chip. Esse sinal engana as baratas, fazendo-as entender que a antena está em contato com uma barreira física, o que as faz mudar de direção. A ideia dos pesquiadores é equipar esse sistema com câmeras e microfones, para ajudar nas buscas de vítimas de desastres.

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Além das baratas, outras espécies compõem o exército de insetos-robôs que vão nos ajudar a salvar vítimas, fornecer informações sobre o inimigo e monitorar ambientes. Cientistas da Universidade de Berkeley, também nos EUA, e da Darpa, a agência militar americana de pesquisas, já criaram besouros e mariposas controlados remotamente. Segundo Amit Lal, professor da Universidade de Cornell e desenvolvedor das mariposas da Darpa, esses insetos poderiam ajudar na agricultura, prevendo infestações por bactérias. Bastaria equipá-los com sensores capazes de identificar os gases emitidos pelos micro-organismos. Também seriam muito úteis em projetos de segurança, como monitoramento de fronteiras e pontos de tráfico de drogas e detecção de explosivos. “Se você expõe uma substância química às antenas da mariposa quando pupa (estágio intermediário do desenvolvimento do inseto), ela aprende a identificá-la”, diz Lal. No futuro, em vez de policiais armados, talvez seja tarefa das mariposas impedir que substâncias ilegais produzidas em países vizinhos façam escala no Brasil. 

Fotos: Mike Libby/Rex Features; divulgação