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PODEROSA
Salma Hayek, entre Taylor Kitsch (à dir.) e Aaron Johnson: rainha do tráfico

Com o cinismo e o senso prático dos corruptos, o agente da divisão de narcóticos interpretado por John ­Travolta no filme “Selvagens” (em cartaz na sexta-feira 5) dá um péssimo conselho a dois protegidos, os californianos Chon (Taylor Kitsch) e Ben (Aaron Taylor-Johnson), “produtores independentes” daquilo que tolamente chamam de “a melhor maconha do mundo”: “Ganhem bastante dinheiro com isso, porque daqui a três anos esse negócio vai ser legalizado.” Ganhar fortuna, no caso, seria se associar ao Cartel de Baja, do México, que propõe aos garotões de praia uma parceria no negócio milionário. Donos de uma clientela seleta, a dupla é viajada: Chon é um ex-combatente no Afeganistão e Ben um botânico budista que divide seu tempo entre melhorar o THC de sua espécie rara de cannabis e trabalhar como voluntário em países do Terceiro Mundo. Eles se negam a colaborar com os “cabrones”. É a senha para o início de uma guerra na Califórnia, numa trama alucinante que recoloca o cineasta Oliver Stone em seu habitat natural: o universo violento e altamente sexualizado das pessoas que respiram poder e ambição.

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VIOLÊNCIA
Blake Lively e Benicio Del Toro: a refém e o sequestrador

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Retomar o estilo superlativo e extremado significa, no caso de Stone, se afastar da teoria da conspiração que animava seus trabalhos mais recentes. Na história de “Selvagens” não existe nenhuma insinuação de que o avanço das drogas nos EUA seja, por exemplo, um efeito cumulativo da política repressiva de Richard Nixon, nos anos 1970. Ele está interessado apenas em pintar o grau de horror desencadeado pelo narcotráfico com o crescimento dos cartéis mexicanos. Liderada pela capo Elena (Salma Hayek), apelidada “La Reina” e secundada por um sociopata, o indescritível Lado (Benicio Del Toro), o cartel não está para brincadeira: sequestra a patricinha descolada que se relaciona sexualmente com os dois americanos e ameaça esquartejá-la – a começar pelos dedos. Adepto do realismo, o cineasta detalha os métodos bárbaros dessas organizações criminosas, como as abjetas execuções e decapitações.

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Stone teve consultores que dificilmente dividiriam o mesmo ambiente, como ex-integrantes de cartéis, um hacker de longa ficha criminal, cultivadores de cannabis e um ex-mariner. Como o uso da maconha não é legalizado nos EUA, a plantação hidropônica exibida é falsa: feita de seda e plástico. Usuário da droga desde os tempos em que combateu na Guerra do Vietnã, experiência narrada no filme “Platoon”, o diretor de 65 anos é a favor da legalização da maconha e, imitando os cantores jamaicanos Bob Marley e Peter Tosh, posou para a capa da revista “High Times” fumando um “baseado”. Apesar dessa militância, em “Selvagens” ele tem o mérito de não tentar converter o espectador com suas ideias. Ao contrário, mostra a rede de violência e perversidade que existe por trás do consumo de drogas. 

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Fotos: divulgação


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