Sei que minha tese não é lá muito popular. Mas tenho esperança de conseguir alguma solidariedade com este artigo. Deve haver gente por aí que se incomode com o fim antecipado do ano em curso. Que sofra com a paradeira. Que deseje mais tempo de produção efetiva. Gente que não goste de empurrar tudo para depois. Depois do quê? Da enxurrada de feriados que vai nos arrastar direto para 2013. Este ano já acabou.

Acompanhe comigo. Quando setembro termina a sensação geral de que mais um ano se foi toma conta do inconsciente coletivo. Mas desta vez ela se justifica. Outubro é mês de feriado prolongado. O da Padroeira. E novembro é um festival de chances para adiar tudo. Feriado no dia 2, uma sexta, Finados. Feriado no 15, uma quinta, República. E ponto facultativo em seguida, numa terça, dia 20, Zumbi. Daí para deixar tudo para depois das festas de fim de ano é um pulinho. E quem não gosta mesmo de decisões pode perfeitamente esperar até depois do Carnaval, que em 2013 cai no começo de fevereiro.

Não reclamo exatamente dos feriados. É lenda essa história de que no Brasil se trabalha pouco. É preconceito a nossa imagem de preguiçosos. E não somos o primeiro lugar no ranking mundial de folgas. Estou apenas lamentando a coincidência do acúmulo de feriados neste fim de ano. Como eu disse, um ano que já acabou. Deixando esse gosto de coisa mal resolvida na boca.

Isso não quer dizer que eu não goste de praia. De férias. De um caprichado dolce far niente. Não tenho nada a ver com o estereótipo de executiva estressada, escrava da agenda. Lido com ela, aliás, melhor do que nunca. Somos quase amigas! Apenas não faço o gênero contemplativa. Sou da ação. Sei que é um tanto sofrido. Mas é bastante divertido também. Persigo sem trégua o equilíbrio, sabendo perfeitamente que ele é impossível. Ou ao menos bastante instável. Como numa corda bamba.

Intervalos demais atrapalham o andamento daquilo que está em curso. Não há planejamento que aguente um soluço de produção atrás do outro. E os próximos meses serão arrastados, daqueles que passam deixando visgo de lesma na parede. Sei que ainda temos eleição. Não consigo imaginar surpresas nessa seara. Sei que temos mensalão. Admito que estou gostando muito de acompanhar a novela. Mas a gente também já sabe o final. Sou jornalista e, portanto, estou sempre pronta para os imprevistos. Quase desejando que eles aconteçam. Sou empresária, tenho inúmeros projetos que poderiam amadurecer melhor com um pouco mais de tempo nesses três próximos meses. Por tudo isso, enquanto uma parte de nós planeja um ocaso suave para 2012, eu tremo ante a visão da paradeira.

Confesso. Adoro uma batalha. A guerra das ideias. Do bom debate. Da estratégia. Adoro resolver coisas, botar projetos para andar! Tudo isso exige o enfrentamento permanente de conflitos. Problemas. Entraves. Prazos curtos. Quando não há nada grande pela frente, só me resta arrumar as gavetas. Ou mudar os móveis da sala. Oh, tédio!