FOTOS: IBRAHIM CRUZ/AG. ISTOÉ

CORAÇÃO Cachorro medindo a pressão arterial: mais sedentários e obesos, eles também estão hipertensos, como os homens, e têm cardiologistas

Sedentarismo, obesidade e hipertensão são males do mundo moderno – animal. Desde que bichos domésticos migraram do quintal para dentro de casa, eles começaram a apresentar doenças “humanas”, seja pelos novos hábitos, seja pela maior proximidade do dono, que percebe com mais facilidade os sintomas das enfermidades. Para tratar os lulus e totós dos dias de hoje, surgiu um vasto espectro de especialidades veterinárias que nada devem à medicina, como oftalmologia, cardiologia, ortopedia, oncologia, odontologia, endocrinologia, entre outras.

Em hospitais veterinários bem montados, os bichos de estimação podem passar tanto por procedimentos simples, como vacinação e limpeza de tártaro, quanto complexos, como cirurgias cardíacas ou ortopédicas. “Os donos estão cada vez mais exigentes em relação aos seus animais”, diz o veterinário Mário Marcondes, proprietário do Hospital Sena Madureira, em São Paulo. Além disso, com os tratamentos modernos, dietas equilibradas e maior proximidade do dono, a expectativa de vida dos cachorros, por exemplo, aumentou em 30%. Ou seja, há mais animais idosos e propensos a adoecer.

Embora as universidades continuem generalistas na formação dos veterinários, o mercado está exigindo que eles se especializem, pois os donos querem diagnósticos precisos. Marcondes fez mestrado em cardiologia em cães e doutorado pelo Instituto do Coração, o Incor, um dos maiores centros cardiológicos do País. “As doenças dos cachorros são semelhantes às doenças dos homens”, diz ele, que se interessou especialmente pela reabilitação cardíaca e pelo exercício físico no pós-operatório.

  

FISIOTERAPIA
A hidroesteira é utilizada na reabilitação
após cirurgia ortopédica e para emagrecimento.
A água evita impacto

A maioria dos profissionais faz cursos de especialização. Formado em 2001, o veterinário Yoshio Hato começou a trabalhar com oftalmologia animal um ano depois. Hoje, atende no Hospital Veterinário Saúde Animal, que tem duas unidades na região do ABC, em São Paulo, onde faz várias cirurgias de catarata por semana. “Usamos a mesma técnica e o mesmo material que é utilizado em pessoas”, conta Hato, que fez especialização em cirurgia depois da faculdade e aprendeu o ofício acompanhando médicos oftalmologistas.

OLHOS
As duas principais doenças tratadas por
veterinários são glaucoma e catarata.
O material das cirurgias é igual ao dos humanos

Uma área em expansão é a de fisioterapia. “Faltam profissionais especializados, a demanda é enorme”, diz a veterinária Renata Achkar, que trabalha em dois hospitais e dá atendimento em domicílio. Ela fez cursos de cirurgia geral, de ortopedia e agora irá concluir o de fisioterapia. A especialidade é importante na reabilitação após uma cirurgia. Em animais pequenos, uma simples queda doméstica pode resultar em fratura. Além disso, na correria da cidade grande, é comum os donos de cachorro não terem tempo para passear com eles. Por isso, casos de obesidade são cada vez mais comuns. Para perder peso, os cães fazem sessões de hidroesteira (que não força os ligamentos) e os gatos em esteira seca com supervisão de um fisioterapeuta. Em dois meses, com duas sessões semanais, os resultados positivos aparecem.

A fisioterapia trabalha em conjunto com a ortopedia, uma das especialidades mais populares em veterinária de pequenos animais. “Até três, quatro anos atrás, os cursos de especialização eram raríssimos, não havia como o profissional se aprofundar numa área”, diz José Fernando Ibañez, veterinário da clínica Vet Quality e professor do curso de especialização em ortopedia ministrado pela Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais em conjunto com a Universidade Anhembi Morumbi, de São Paulo. Agora, com profissionais mais qualificados no mercado e equipamentos de ponta, os lulus e totós têm todos os recursos para receber tratamento e atendimento de primeira.