A performance do presidenciável petista Luiz Inácio Lula da Silva tem alavancado candidaturas do PT em diversos Estados e apimenta as disputas locais nesta reta final de campanha. Candidatos que já se consideravam eleitos no primeiro turno colocam as barbas de molho, começam a articular alianças para uma disputa mais polarizada e partem para o ataque nesta semana que antecede o dia 6 de outubro. No Distrito Federal, a reeleição do governador Joaquim Roriz (PMDB) ainda no primeiro turno parecia fato consumado. Há dez dias, porém, o QG peemedebista já não considera tão remota a possibilidade de um segundo turno contra o petista Geraldo Magela. Segundo o Ibope, entre os dias 5 e 19 de setembro, Magela saltou de 24% para 29% das intenções de voto, enquanto Roriz caiu de 52% para 48%. Os responsáveis pela campanha do governador, que até agora vinham se preocupando só em mostrar as obras de Roriz, resolveram partir para o ataque. O alvo é Magela e a antiga administração do também petista Cristovam Buarque. No programa eleitoral de Roriz foi apresentada uma fita de vídeo na qual um conhecido grileiro, Germano Carlos Alexandre, denuncia a participação de Magela, ex-secretário de Cristovam, na regularização de um condomínio na cidade-satélite de Sobradinho (Condomínio Alto da Boa Vista). Segundo o grileiro, as negociações para a regularização do condomínio teriam sido intermediadas por Fernando Rios, advogado e assessor de Magela. O então secretário e outros políticos do PT e do PSB teriam recebido dinheiro do grileiro. A Justiça concedeu direito de resposta ao PT.

Vidraça – No Piauí, desde o início da campanha o governador Hugo Napoleão (PFL) se mantém na casa dos 40% da preferência dos eleitores, mas nas últimas três semanas assiste a um crescimento do petista Wellington Dias e agora estão empatados (leia pesquisa à pág. 40). Até a semana passada, Dias fez uma campanha de estilingue. Beneficiou-se do efeito Lula e agora começa a protagonizar o papel de vidraça. Em seus últimos programas no horário eleitoral, o petista tentou explicar denúncias publicadas na última edição de ISTOÉ. Wellington foi sócio de uma empresa, a Investybem, acusada de agiotagem em um processo que tramita na Justiça Federal em Campinas, no interior paulista. Hoje, a empresa está em nome da mulher e da sogra do candidato. Além do processo contra a empresa, Wellington precisa esclarecer por que não declarou no Imposto de Renda sua participação na sociedade. Nesta última semana, os responsáveis pela campanha do governador Hugo Napoleão pretendem disparar novos petardos contra o petista. Tudo indica que no Piauí a campanha atinja os níveis de fervura, uma vez que dificilmente haverá segundo turno, pois apenas Napoleão e Wellington estão na briga.

No Ceará, o tucano Lúcio Alcântara tinha a eleição praticamente garantida no primeiro turno, com as pesquisas conferindo-lhe mais da metade das intenções de voto. A uma semana do pleito, o quadro indica mudança. O petista José Airton saltou de 8% para 13%, superou Sérgio Machado (PMDB) e já vislumbra um segundo turno. Com a tendência de segundo turno, Airton também começa a virar vidraça. Nos próximos dias, tanto Alcântara como Machado irão explorar uma denúncia feita ao Ministério Público pelo vereador Eduardo Bayma Rebouças, de Icapuí. Airton foi prefeito de Icapuí e é acusado pelo vereador de gerir a cidade, favorecendo empresas fantasmas e empresários com os quais mantém relações pessoais, inclusive com o fornecimento de moradia. Há também documentos relacionando-o com sonegação fiscal e desvio de recursos públicos. No Sul e no Sudeste, o efeito Lula sobre os candidatos do PT a governos estaduais já é visível. Em São Paulo, o crescimento de José Genoino (PT), a queda de Paulo Maluf (PPB) e a estagnação do governador Geraldo Alckmin (PSDB) embolaram a eleição na reta final. A presença de Lula ao lado de Genoino nesta última semana de campanha torna perfeitamente viável um segundo turno entre Alckmin e o petista. Os tucanos paulistas já buscam munição contra Genoino, que certamente será poupado por Maluf, que anda querendo flertar com o presidenciável Lula. Com certeza, o resultado da disputa no maior colégio eleitoral do País só será conhecido após a apuração.

Virada – No Rio Grande do Sul, o petista Tarso Genro já superou Antônio Britto (PPS) e a tendência é de que a vantagem se amplie com o efeito Lula, num Estado já acostumado com as administrações petistas. Em Minas, o petista Nilmário Miranda, segundo a última pesquisa do Ibope, cresceu e já está em segundo lugar, na frente do peemedebista Newton Cardoso. A situação no Estado, porém, é peculiar. Na quarta-feira 25, o comando da campanha de Lula pediu para Nilmário pisar no freio nesta reta final da disputa contra seu adversário tucano, Aécio Neves. Com o candidato do PSDB praticamente eleito no primeiro turno, as relações entre o PT de Minas e o comando nacional do partido estão de mal a pior.

Tanto Lula como o presidente do PT, deputado José Dirceu (SP), concluíram que a eleição de Aécio será fundamental, caso os petistas venham a governar o País. Nestas eleições, o PT de Minas nunca se entendeu com a direção nacional. A última briga foi em torno das coligações. Para ter o empresário José de Alencar como vice na chapa de Lula, o comando petista precisou intervir em Minas, obrigando o partido no Estado a formalizar a aliança com o PL de Alencar.