Rio + 10 acaba na próxima quarta-feira 4, em Johannesburgo, e, mesmo se tudo der errado, já se pode dizer que ela foi um sucesso. A simples existência de tal encontro mostra a crescente e inexorável força dos movimentos ambientalistas. O fato de 64 mil pessoas de 191 países se reunirem para discutir desenvolvimento sustentável no mundo já é mais uma vitória. Apesar de todos os impasses apresentados até o momento na Cúpula Mundial e das dificuldades naturais em conciliar interesses de nações distintas, o encontro da África do Sul traz um pouco de otimismo em relação à busca de um divisor de águas entre o que fizemos ao nosso planeta no passado e como o trataremos no futuro.

Um exemplo do que foi o passado e do que deve ser o futuro está nas páginas desta revista numa reportagem e numa campanha publicitária. A partir da pág. 88, o repórter Ricardo Miranda apresenta um raio X assustador do que é hoje a Baixada Fluminense. Erguido durante o regime militar sem maiores preocupações de segurança, o Pólo Industrial da Baixada Fluminense é atualmente uma bomba-relógio que tiquetaqueia 24 horas por dia, despejando resíduos tóxicos às toneladas, colocando em risco os funcionários de cerca de 200 fábricas e os moradores de Duque de Caxias, Belford Roxo, São João do Meriti e Queimados.

Como exemplo do que deve ser o futuro, uma campanha publicitária à pág. 32 mostra o que são hoje as preocupações ambientais. A Braskem é uma nova empresa do setor petroquímico que reúne os grupos Mariani e Odebrecht, e um pequeno detalhe no texto que faz parte da apresentação da nova companhia mostra que, felizmente e graças às ações ambientalistas, estamos em busca de um futuro mais limpo: “… seu nome (Braskem) é sinônimo de modernidade, transparência e responsabilidade social, tendo por base os princípios do desenvolvimento sustentável.” Ou seja, a empresa que nasce se compromete em não ser, no futuro, alvo de reportagens como a que Ricardo Miranda fez na Baixada Fluminense.

Hélio Campos Mello, Diretor de Redação