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ANO NOVO 2008 é regido pelo Rato, que traz fartura e prosperidade

Eles até tentaram dar uma justificativa técnica para a escolha, mas a razão que levou os chineses a marcar a abertura da Olimpíada de Pequim para o dia 8 de agosto de 2008 é uma só: superstição. Do contrário, por que a cerimônia começaria às 20h08m? Ou seja, a abertura do campeonato será dia 8/8/08, às 8h08m da noite. Número da sorte dos orientais, o oito representa a prosperidade. Muitas medalhas para os chineses, no caso. Alcançar o melhor desempenho, porém, não parece ser o único objetivo dos donos da festa. Dispostos a fazer destes os melhores Jogos da história, eles se cercaram de boas energias. A tocha olímpica carrega símbolos e cores ligados ao poder, à sabedoria e ao crescimento. Assim como os cinco coloridos mascotes, que simbolizam a prosperidade, a felicidade, a paixão, a saúde e a sorte.

As Olimpíadas não têm data oficial para começar. Em 2000, na Austrália, a abertura foi em setembro. Na Grécia, em 2004, aconteceu no fim de agosto. Esperava-se que a largada para os Jogos de Pequim fosse dada mais ou menos na mesma época, mas os chineses adiantaram o cronograma, alegando que assim evitariam conflitos de agenda – o Aberto de Tênis dos Estados Unidos, por exemplo, está marcado para o dia 25. Isso lhes deu a oportunidade de escolher uma data que, segundo Tereza Kam, especialista em Feng Shui, só conspira a favor do país-sede. Além da energia do número oito, o dia 8 de agosto de 2008 é regido pelos três signos que, segundo o horóscopo chinês, são de atitude. “2008 é o ano do Rato, agosto é o mês do Macaco, e o dia 8 é do Dragão. São signos harmônicos, da mesma categoria, os executores, que fazem, abrem caminho. Os chineses estão querendo sair da Olimpíada com boa parte das medalhas”, afirma.

Autor de livros como Consulte o I Ching (Nova Era), o tarólogo Nei Naiff explica que os chineses acreditam mesmo na força dos números e dos símbolos. “Mas a numerologia deles é muito diferente da nossa, porque no Ocidente há uma relação entre números e letras. Os chineses não têm alfabeto, têm uma grafia simbólica. Os símbolos são muito importantes”, esclarece. A tocha olímpica, por exemplo, carrega dois símbolos muitos poderosos: o pergaminho, relacionado à sabedoria, e a espiral, ligada à evolução, ao crescimento. Tanto é que ganhou o nome de “Nuvem de promessa”. As expectativas, como se vê, são muitas. A maior delas, para Naiff, diz respeito ao futuro do país: “Atrás disso tudo está uma tentativa de aproveitar o momento favorável para consolidar o poder da China. Essa energia toda conspira para isso, não só para garantir que a Olimpíada de Pequim seja um sucesso, mas também o próprio país.”