O clima entre os defensores da candidatura de San Antonio era de já ganhou. Quase 200 cabos eleitorais da cidade texana capricharam na pirotecnia, nos efeitos especiais e nos vídeos da Paramount para derrubar o único concorrente, o Rio de Janeiro, na luta para ser a sede dos 13os Jogos Pan-Americanos, que será realizado entre 14 e 29 de julho de 2007. Os cariocas participavam da assembléia da Organização Desportiva Pan-Americana (Odepa), na Cidade do México, com uma minguada delegação de 35 pessoas. Mas produziram um impacto e tanto quando fizeram descer do teto do auditório um painel de 30 metros com a magnífica vista aérea da Baía de Guanabara, ao som de Garota de Ipanema. “Bem-vindos ao Rio”, limitou-se a dizer Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB). Foi dele a idéia do painel, encomendado ao cenografista Abel Gomes. “Foi a maior vitória política da história do esporte brasileiro”, empolga-se Nuzman. “O Rio mostrará que os brasileiros são capazes de organizar grandes eventos”, prevê o ministro de Esporte e Turismo, Caio Luiz de Carvalho.

Além da profusão de belíssimas imagens do Rio, a eleição, por 30 votos a 21, foi garantida também por algumas idéias originais. Uma delas muda radicalmente o plano de distribuição de imagens. Tradicionalmente, os jogos são transmitidos por uma emissora do país-sede, que seleciona as imagens de acordo com interesses publicitários locais. “Nós vamos criar a TV Pan-Americana e oferecer uma grade de cobertura mais ampla e democrática”, promete o diretor de Relações Internacionais do COB, Carlos Osório. O Brasil abrigará a competição pela segunda vez – em 1963, ela foi realizada em São Paulo.

A Barra na Tijuca, na zona oeste, receberá 60% das instalações. Com a injeção de US$ 177 milhões (42,3% da Prefeitura, 5,5% do Estado do Rio, 24,2% da União e 28% de investimentos privados), serão construídas seis instalações esportivas, quatro permanentes e duas provisórias. Ao lado da Cidade do Rock será instalada a Vila Pan-Americana, com acessos controlados e capacidade para 8.064 pessoas. Serão erguidos também 48 edifícios de sete andares, além de escritórios, restaurantes, policlínica, centros de ginástica e de entretenimento. A Riotur espera receber 500 mil turistas nacionais e estrangeiros no mês do Pan. Pelos cálculos do COB, virão cinco mil atletas e mil jornalistas do Exterior. A segurança, calcanhar-de-aquiles da cidade, não será um problema, segundo o prefeito César Maia. “A Barra é plana, pode ser patrulhada por terra e por ar, tem quatro saídas e não sofre com traficantes em comunidades”, alega ele. O Pan testará a capacidade do Rio de poder abrigar uma Olimpíada. Por isso, Nuzman, Maia, Carvalho e Osório precisam estar certos.