A turma do encanador Mario Bros. desembarca no Brasil este mês trazendo novidades aos fãs de videogame. O GameCube, a sensação da gigante Nintendo que vendeu cinco milhões de unidades no mundo, chega ao País quase um ano após seu lançamento no mercado americano. Os consoles e jogos produzidos pela Gradiente têm preço salgado: a máquina custa R$ 1.200 e cada cartucho sai por R$ 230. O grande barato do novo console são os cenários ultra-realistas, com imagens e sons de grande fidelidade. Apesar da demora, a fabricante japonesa Nintendo foi mais rápida que os concorrentes Playstation 2, da Sony, e X-Box, da Microsoft, que ainda não têm versão nacional.

O estudante Fábio Michelin, 23 anos, não aguentou esperar. Já tinha em casa o videogame da Sony, o Playstation 2 e comprou o novo Nintendo logo que ele foi lançado nos EUA, em setembro de 2001. “É a última palavra em jogos”, define Michelin. “Os personagens do cubo (forma ‘carinhosa’ como os jogadores se referem ao jogo) têm muito mais carisma”, comenta.

A Nintendo tem uma longa tradição em jogos. Começou com baralhos no início do século XX, evoluiu para os fliperamas e na década de 70 desenvolveu os primeiros videogames domésticos. Com o GameCube, a empresa aposentou os velhos cartuchos e adota os minidiscos. Um desconforto para os fãs é que os jogos feitos para o antigo Nintendo 64 não funcionam no novo console. Já o Playstation 2 da rival Sony admite os jogos de sua edição anterior.

Os novos consoles têm outra novidade: a conexão com a internet que permite disputar partidas online contra adversários de qualquer parte do mundo. A Sony vende por US$ 40 um adaptador para o Playstation cair na rede, enquanto Nintendo e Microsoft prometem um similar ainda para este ano. Os jogadores brasileiros também podem disputar partidas online, mas entram em campo com desvantagem. A distância física entre os seus PCs e os provedores de acesso nos Estados Unidos influencia na velocidade da conexão. Existe um índice, chamado de ping no jargão técnico, cuja função é revelar aos outros participantes mundo afora se a velocidade da conexão está lenta ou rápida. A Gradiente diz não ter planos de montar um provedor específico para a arena de jogos no País. O editor da revista especializada EGM Brasil, Renato Viliegas, conta que já foi vetado numa partida de Guerra nas Estrelas por causa da lentidão de seu computador. “Eu insisti e um americano ficou bravo mesmo, me mandou sair do jogo”, conta Viliegas.

O GameCube chega ao mercado com seis jogos. Entre os mais famosos estão o Super Smash Bros Melee, em que os personagens de aventuras anteriores da Nintendo são protagonistas, e Eternal Darkness, com enredo de terror que capricha no realismo. A única ausência que será sentida é do game Super Mario Sunshine, último episódio protagonizado pelo simpático encanador Mario, que deve desembarcar em novembro.

O feitiço dos videogames seduz jogadores de todas as idades. Na semana passada, para promover a nova aventura de Mario no Japão, o personagem apareceu numa revista masculina ao lado de uma bela modelo nua, avisando que cresceu, assim como os seus fãs. A estratégia ajuda a engordar os cofres da indústria da jogatina, que bate seu próprio recorde de vendas ano a ano. A estimativa para 2002 é de um faturamento de US$ 31 bilhões, US$ 3 bilhões a mais que em 2001. Uma fórmula mágica que transforma brincadeira em bilhões.