O comandante da Aeronáutica, brigadeiro Carlos Almeida Baptista, recebeu em Brasília, na tarde da quinta-feira 29, das mãos de um portador autorizado, uma carta redigida num elegante francês. Levava a assinatura de Charles Edelstenne, presidente diretor-geral da Dassault Aviation, e carregava, no seu bojo, a bomba que fulmina a possibilidade do polêmico arrendamento de 12 anacrônicos caças israelenses Kfir, que custariam ao País cerca de US$ 95 milhões.

O principal executivo da Dassault, sócia da brasileira Embraer e participante da concorrência internacional para a compra dos novos caças da FAB, faz uma oferta tentadora ao Brasil: moderniza, equipa e mantém voando até o ano de 2007 os 14 caças Mirage IIIEBR sediados na base aérea de Anápolis (GO). O custo da operação, prevista para durar os próximos cinco anos, é de US$ 20 milhões – menos que o preço do leasing de três caças Kfir, aposentados há uma década em Israel e renegados pelos especialistas da Aeronáutica como uma solução cara, antiquada e de alto risco.

O brigadeiro Baptista explica seu empenho no arrendamento do Kfir pela ameaça de um “apagão” no sistema de defesa aérea do centro político e econômico do País, a base de Anápolis, que cobre Brasília e o eixo Rio-São Paulo. O comandante da FAB diz que os Mirage, em operação desde 1972, precisam ser aposentados até 2005 – o que provocaria uma brecha de dois anos no sistema, já que os novos caças, em processo de seleção, só chegariam a partir de 2007. O temido “apagão”, que seria suprido pelos Kfir, agora desaparece com a proposta da Dassault.