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Marilia: humor e agilidade para construir histórias

A jornalista Marilia Pacheco Fiorillo é veterana da literatura. Grande observadora do comportamento humano, esta paulistana de texto ágil e divertido aborda um tema que poderia ser mais uma obra do florescente filão de trabalhos dirigidos às idiossincrasias da alma feminina. Mas não. Em cada página – pena que são tão poucas – de seu novo livro, Homens – duas sátiras e uma fábula (Arx, 116 págs.,
R$ 22), ela mostra com habilidade diferentes machos vistos pelo olhar virulento de uma mulher moderna, porém irremediavelmente carente. Aquela mulher que ainda briga contra a criação herdada das avós e é enredada pela necessidade de ser forte, segura e bem-sucedida.

Na primeira história, Enfim, um homem, a moça se apaixona por um lutador de caratê que arrebata seu coração com uma improvável mistura de “breguice e rudeza” que o diferencia dos pares rotineiros. Por ele, todos os valores são reduzidos a nada e a paixão é infinita enquanto dura, claro. Em A importância de ser prudente, Marilia disseca o oposto do gênero. Um cidadão cheio de manias, com um toque intelectual e certa atração por sopas, mostra que nem só de digressões do intelecto se constrói uma relação estável. Mas é em As três princesas de Serendib que se estabelece o elo mais fantástico e lúdico do livro. A narrativa é entremeada a um sonho que traduz os esforços de mulheres criadas para encarnar a perfeição, às voltas com o esforço de viabilizar a vida real. Simplesmente delicioso.