Lula faz cem dias de governo e comemora. Pelo curto espaço de tempo – no dia 10 ele terá cumprido 7% de seu mandato –, tem motivos para tal. Apesar do efeito W. Bush, os combalidos números da economia têm reagido bem aos duros remédios aplicados pela tropa da economia. Os ministros Palocci e Mantega, da Fazenda e Planejamento, estão, pouco a pouco, baixando a febre da desconfiança internacional e desentupindo os dutos de crédito. O risco Brasil não pára de cair e o dólar vai chegando ao patamar que eles consideram seguro para o momento de crise que vivemos: não tão baixo a ponto de comprometer as exportações, nem tão alto que possa arruinar a operação para a retirada da inflação do perigoso campo dos dois dígitos. A terapia usada, apesar de dura, está sendo bem assimilada pelo paciente: pesquisa Ibope da semana comprova que a lua-de-mel de Lula com o Brasil continua. Mas há críticas e elas não vêm só da turma dos deputados Babá e Luciana Genro. Empresários, por exemplo, controlam com dificuldade sua impaciência com os juros nas alturas. Na outra ponta, o salário mínimo de R$ 240, considerado pelo próprio Lula como apenas “cumprir tabela”, causou decepção. Há também quem radicalize e diga que de FHC a Lula nada mudou. Mas, em política, consenso é doença. O que é real é que os frutos do governo Lula, se ainda não vieram, estão sendo bem planejados. E não se pode negar que as sementes estão sendo bem escolhidas, bem plantadas e adequadamente adubadas. Que haja paciência para colhê-los.