Até começar a terceira versão do reality show Big Brother Brasil, na Rede Globo, Pedro Bial era identificado como um jornalista com rodagem internacional, considerável cultura e charme capaz de provocar faniquitos e miados femininos a cada aparição. Na maratona de exibicionismo televisivo, que terminou na terça-feira 1º com a vitória do goiano Dhomini, Bial revelou características até então desconhecidas do grande público. Deu vazão ao seu lado animador de auditório, dirigiu piadinhas dignas de estivador às mulheres do programa e mostrou que também é afeito a dizer sandices. Chegou a trocar torpedos de duplo sentido com a participante Viviane, mas seu alvo preferido foi mesmo a escultural Sabrina. Nas entradas ao vivo, lamentou que a moça usasse uma almofada para atrapalhar a visão proporcionada pela sua microssaia, fez várias menções à sua protuberância calipígia e, no dia em que ela saiu da casa, não se refreou ao comentar: “E não é que ela é gostosa mesmo!” Foi tão longe na empolgação que, arrependido, chegou a pedir desculpas a Dhomini, o “namoradinho” de Sabrina na casa global.

Em sua nova fase, Pedro Bial foi comparado a Chacrinha, o animador que marcou época na televisão brasileira por levar a informalidade ao máximo. “Ele é um mestre, esse é o maior elogio que poderia receber”, agradeceu numa entrevista ao jornal O Globo. Na final do programa, usou o bordão de Chacrinha para chamar o comercial – “Roda e avisa!” – e se comparou a outros apresentadores, como Jô Soares e Luciano Huck. A resposta do público à mistura de estilos não poderia ser mais favorável – o fim da gincana alcançou a média de 50 pontos na medição do Ibope e chegou à marca de 69% dos aparelhos ligados. Mas ao soltar-se das amarras que usava quando era apenas repórter caiu no pantanoso terreno do besteirol. Referindo-se ao fato de os dois finalistas, o goiano Dhomini e a baiana Elane, serem oriundos do interior, no último dia Bial filosofou: “Vocês aí são o novo Brasil, representam a interiorização do desenvolvimento.” Dhomini e Elane, boquiabertos diante da análise geoeconômica, tremeram de emoção. Uma emoção, como sempre, bem próxima do falso, assim como todo aquele circo constrangedor.

Durante os 78 dias do BBB3, os participantes viveram o mesmo repertório de fatos desinteressantes das edições anteriores. Entre um mergulho na piscina e uma pedalada na bicicleta ergométrica, o telespectador pôde saber que Sabrina faz xixi na cama, que a ex-miss Brasil Joseane era casada, que brutamontes como o motoqueiro Dilson também amam e que o gigantesco Alan tem medo de uma minúscula lagartixa. Em meio a adversários deste porte, Dhomini deu força ao sotaque caipira e foi costurando sua vitória com cantadas grosseiras, provocações aos adversários e uma alegria perene, impossível para qualquer ser pensante. Caiu no gosto do povo e abiscoitou o prêmio de R$ 500 mil com 51% dos votos sobre Elane. E mais: o sucesso de Dhomini, que antes do programa era assessor parlamentar em Brasília, levou o PMDB de Goiás a cogitar de lançá-lo a algum cargo nas próximas eleições. Enfim, notícias comuns em toda final de Big Brother. Mas a grande novidade é a transmutação de Pedro Bial, que volta a apresentar o Fantástico, agora como um animado animador de imensos auditórios.