Neste período de alta do dólar, nem tudo é notícia ruim. Principalmente para algumas empresas brasileiras, que aproveitam a desvalorização do real para vender mais barato lá fora. Pensando nisso, as lojas de free shop Duty Free Brasif, espalhadas por aeroportos internacionais de todo o País, convidaram algumas marcas nacionais para fazer parte de seu casting. Explica-se: até pouco tempo atrás, produtos brasileiros não podiam ser comercializados ali. Para aumentar as exportações, o governo voltou atrás. “O turista estrangeiro entra em contato com o produto nacional e, quando o vir em seu país de origem, poderá comprar sem problemas”, explica Fabiano Vivacqua, diretor da Brasif. “A médio prazo, as exportações devem aumentar”, finaliza. Devido à isenção de impostos, o preço da mercadoria chega a ficar 40% mais em conta, mesmo em dólar.

Produtos com a cara do Brasil foram os escolhidos para entrar nas lojas, como chinelos Havaianas, bicicletas Caloi, cachaça Araxá e café Spress. A Chocolates Garoto também apostou na idéia. Colocou à disposição no Duty Free seus produtos mais característicos: a caixa amarela de bombons sortidos, chocolates Mundi, Crocante e Surreal. Além disso, também já está presente nos free shops de Cingapura e Kuala Lumpur, na Malásia. “Atualmente vendemos para 46 países, e estar exposto neste tipo de loja ajuda no reconhecimento da marca”, explica José Ricardo Cicone, gerente de comércio exterior da Garoto.

A Natura, maior empresa brasileira de cosméticos, gastou R$ 400 mil para entrar na empreitada. Concentrou seus investimentos na linha Ekos, que utiliza matérias-primas da biodiversidade brasileira, aspecto bastante valorizado pelo mercado externo. “Este era um desejo antigo da Natura. Queremos internacionalizar a Ekos, e o free shop é uma ótima janela”, explicou Marcelo Araujo, vice-presidente de inovação da marca. Linhas de maquiagem, proteção solar e cosméticos em geral também estarão disponíveis, totalizando 65 produtos à venda.

Os biquínis brasileiros, famosos mundialmente, não poderiam ficar de fora. A grife escolhida para representá-los foi a paulista Rosa Chá, que já é comercializada até nas Galerias Lafayette, em Paris. Cerca de 30 modelos estarão expostos, entre saídas de praia, camisetas e biquínis, todos muito coloridos e sensuais. A campanha comercial com as modelos Fernanda Tavares e Caroline Ribeiro promete chamar ainda mais a atenção de turistas estrangeiros. “Estar neste tipo de loja mostra credibilidade”, orgulha-se Amir Slama, proprietário da Rosa Chá.

Se depender da Brasif, a entrada destas marcas em suas lojas será mesmo um negócio e tanto. Free shops de outros países gostaram tanto da idéia que estão interessados em levar os produtos brasileiros do Duty Free daqui para aeroportos mundo afora. A negociação será iniciada em setembro e nas primeiras semanas de 2003 eles já devem ser encontrados no Exterior.