Obcecado pela idéia de tornar-se famoso, um homem sem nome se apega a infinitos subterfúgios para ser hype, recente neologismo para definir tudo e todos que fazem sucesso e são moda. Narrador do romance O anônimo célebre (Global Editora, R$ 384 págs., R$ 39), de Ignácio de Loyola Brandão, o personagem sonha com muito mais do que os clássicos 15 minutos de fama. Quer virar uma celebridade em tempo integral, mesmo que signifique abrir mão de seus princípios. Adota, então, todas as grifes, expressões e atitudes que supostamente levam ao estrelato. Neste devaneio, seu amplo rol de "necessidades básicas" inclui até um criador de falsos eventos para tornar mais interessantes detalhes da sua trajetória. Ao elaborar cada um de seus truques, o personagem de Loyola Brandão enfrenta a onipresente sombra de um sósia famoso, a quem se refere apenas como AP, ou seja, Ator Principal. Mas este detalhismo nas estratégias para tirar AP de seu caminho não desacelera a leitura. Loyola Brandão também tem seus truques quando joga o personagem num mar de angústia frente a tais situações.

De leitura fluida e prazerosa, O anônimo célebre marca as comemorações de meio século de jornalismo de Ignácio de Loyola Brandão, iniciado ainda na adolescência com a crítica de um filme num jornal de Araraquara, interior paulista. De lá para cá, foram cerca de 40 livros e longos períodos em redações, entre elas as das revistas Planeta e Vogue, esta ainda sob seu comando. Na prática, o próprio escritor há muito conquistou espaço entre os famosos. Suas andanças pelo Brasil para divulgar seus livros já lhe renderam, inclusive, material para lançar, em 1987, o romance O ganhador.