Como boa parte dos jovens deste início de milênio, os quatro integrantes do grupo britânico Coldplay – um dos mais criativos e representativos do novo rock cabeça – são todos cheios de opiniões. Mal chegaram ao segundo álbum, o personalista A rush of blood to the head, e o vocalista, guitarrista e tecladista Chris Martin já declarou: "Você pode ser cativante sem ser escorregadio, empolgante sem ser pop, ter o trabalho reconhecido sem ser pomposo. Queríamos uma reação contra este lixo desalmado", diz. Para bancar tanta determinação, sabe-se que pose não é o suficiente. É preciso exibir talento, principalmente num ritmo no qual a reciclagem cada vez mais se mostra como uma das poucas exigências de padrão de qualidade.

Coldplay não segue esta linha. Com seu rock melodioso, em alguns momentos até desconstrucionista, mas não tanto quanto seus colegas de geração do Radiohead, a banda vem tecendo novas sonoridades. Politik tem refrão musculoso, passeios de calmaria guiados por teclados que nos momentos de ascensão são substituídos por guitarras semi-épicas. God put a smile upon your face é desenhada por um vocal quase atonal em contraste às camadas melódicas dos violões elétricos e guitarras. Daylight usa certa desconstrução para depois mostrar-se portentosa, próxima do erudito. O mais interessante é que, mesmo com estes atributos, Coldplay não tem se restringido aos guetos universitários. Seu primeiro CD Parachutes vendeu perto de cinco milhões de cópias. Nem tudo está perdido.