Sem dinheiro para os caças

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Suspenso pelo menos até o desfecho da eleição presidencial nos Estados Unidos, em novembro, o longo processo de escolha do fornecedor de 36 caças para a Força Aérea Brasileira enfrenta mais um obstáculo. A proposta de Orçamento para 2013 encaminhada pelo governo ao Congresso não prevê nenhum gasto com a compra dos caças no ano que vem, apesar do aumento nos investimentos militares. O projeto mais caro é o dos submarinos, incluindo o de propulsão nuclear, que deverá consumir R$ 2,7 bilhões no ano. Na sequência aparece o desenvolvimento de um avião cargueiro, o projeto KC, com mais de R$ 1 bilhão de gastos autorizados.

Trégua estratégica
Enquanto dois aliados importantes juram que Eduardo Campos só será candidato ao Planalto em 2018, o governador de Pernambuco evita assumir compromissos em relação ao calendário eleitoral. Foi tudo combinado. O projeto de fortalecer o PSB e a imagem de Campos nacionalmente segue adiante, mas sem ampliar conflitos na aliança com o PT.

“Efeito mensalão”
Cresce a pressão para prorrogar a CPI do Cachoeira. A alternativa lançada pelo senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AL) é recomendar que a PF e o Ministério Público levem adiante as investigações interrompidas, fora do controle do Congresso. Seria um risco, avalia o PT.

Pedra no caminho
A dois meses do fim do mandato no conselho diretor da Agência Nacional de Telecomunicações, Emília Ribeiro acumula 627 processos em que pediu mais tempo para tomar uma decisão. Isso representa quase 70% dos casos nessa situação na Anatel. O PMDB quer manter o posto.

Charge

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Sobrinho do barão
O controle de verbas bilionárias do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) foi delegado a um funcionário de carreira do Ministério do Trabalho. Rodolfo Torelly, futuro secretário de Políticas Públicas de Emprego, é sobrinho do humorista Apparício Torelly, o barão de Itararé.

“Gleisi vai demorar”
O ministro Paulo Bernardo recebeu, por telefone, ordem da presidenta da República para deixar o trabalho mais cedo. A missão era cuidar dos dois filhos pequenos, enquanto a mãe das crianças, Gleisi Hoffmann, se encarregava de sucessivos pacotes para estimular a economia.

Quem paga a conta
Não são apenas os empresários do setor de bebidas que pressionam o governo para evitar o aumento do pagamento de impostos, previsto para outubro. Eles têm a companhia da indústria de cosméticos. A equipe econômica estuda subir tributos do setor para compensar o alívio da carga para atividades que faturam menos. Por ora, a conta não fecha.

Rito sumário
Para acelerar o ritmo de obras em municípios, o governo simplificou regras de liberação de dinheiro público. As verbas sairão em até três parcelas e após três vistorias, no máximo. As obras começam com metade do dinheiro já disponível.

Efeito sanfona
Os gastos com viagens voltaram a crescer na União. Levantamento feito pela ONG Contas Abertas mostra aumento de 49% das despesas com diárias e passagens nos oito primeiros meses do ano, comparadas ao mesmo período do ano passado. A conta alcançou 1,2 bilhão. Gastos com viagens foram um dos alvos mais simbólicos do aperto das contas públicas anunciado em 2011, quando um decreto presidencial fixou cortes de até 50% no Executivo. Cinco ministérios mais que dobraram as despesas: Ciência e Tecnologia, Desenvolvimento, Minas e Energia, Esporte e Cidades. A Câmara dos Deputados seguiu no mesmo ritmo.

Dirceu refaz as contas
Há quase sete anos sem mandato, José Dirceu considera cada vez mais difícil o retorno à política. À medida que avança o julgamento no Supremo Tribunal Federal, avalia que são menores as chances de escapar de uma condenação. A interlocutores, disse que errou na avaliação inicial, que o levou a acalentar planos de recuperar os direitos políticos e disputar um mandato em 2014.

Toma lá dá cá

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SENADOR ROMERO JUCÁ (PMDB-RO), RELATOR DO ORÇAMENTO

ISTOÉ – Os parlamentares terão direito a uma cota maior de gastos em 2013?

Jucá – Neste ano, a cota de emendas parlamentares foi de R$ 15 milhões para cada um. Não vejo muita folga para aumentar essa cota.

ISTOÉ – E para aumentar o reajuste dos servidores?

Jucá – Estaremos abertos ao diálogo. Mas não vai ser fácil atender, e quem não fechou acordo vai ter mais dificuldade. O governo já inflou a receita, estamos sem margem.

ISTOÉ
– O governo exagerou ao basear a arrecadação de tributos numa estimativa de crescimento de 4,5% da economia?

Jucá – Se formos mexer nessa previsão, o Orçamento ficará mais espremido ainda.

Rápidas

* O IBGE reviu o número de brasileiros que vivem na extrema pobreza. O plano de combate à miséria foi lançado pelo governo com base em números ainda preliminares do Censo de 2010. Contava 16,2 milhões de pessoas com renda inferior a R$ 70 mensais.

* A cadeira deixada por Eros Grau no STF ficou vaga durante seis meses, até que Dilma Rousseff indicasse Luiz Fux. O fato é lembrado por interlocutores da
presidenta aos ansiosos pela indicação do sucessor de Cezar Peluso.

* A criação da EPL, estatal das concessões na área de transportes, enfrenta resistência no Congresso. Há propostas para reduzir poderes da empresa de participar como sócia nos negócios e para submeter Bernardo Figueiredo à
sabatina no Senado.

* A Empresa de Pesquisa Energética aposta que a importação de combustíveis cairá até o fim do ano, depois de ter batido recordes no primeiro semestre. Ficará entre 4% e 5% do consumo do País.

Retrato falado

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O economista Marcelo Neri assume a presidência do Ipea após o feriado com uma agenda carregada. Um dos primeiros a apontar a contribuição do salário mínimo para reduzir a pobreza e estudioso da classe média emergente, Neri se interessa pela ascensão de brasileiros às classes A e B. O mercado de trabalho ajuda mais do que o acesso ao crédito, avalia. A captação de dinheiro pelas empresas e o mercado de telefonia são temas com prioridade no instituto.

Acabou em samba

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Os meses de tensão em que a CUT pregou uma greve geral do funcionalismo e o governo resistiu aos grevistas terminaram em festa numa casa noturna em São Paulo. No dia seguinte ao fim das negociações, deu-se a posse da nova diretoria da central, e a ministra Miriam Belchior, animada, até sambou. O ministro Gilberto Carvalho discursou em nome de Dilma Rousseff e foi muito aplaudido.

Teto de vidro
Alerta no Planalto com o projeto de lei que reajusta em 7,2% o salário dos ministros do Supremo em 2013. O índice é maior do que o concedido à maioria dos servidores e corrigiria para R$ 28,6 mil os salários da presidenta, dos ministros de Estado, de deputados e senadores.
 

Fotos: Adriano Machado; Zulmair Rocha/Folhapress; Elza Fiúza/ABr