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Após nove meses de negociação sem chegar a um consenso com as operadoras de planos de saúde, médicos do Estado de São Paulo farão nesta quinta-feira (6) uma interrupção do atendimento eletivo aos planos de saúde. Foram 34 reuniões, de acordo com a Associação Paulista de Medicina (APM), em que os profissionais tentaram com que as operadoras aceitassem a pauta de reinvindicações, sem sucesso. A orientação é que os pacientes remarquem as consultas e procedimentos em outras datas.

 
Segundo o movimento, a paralisação tem o objetivo de denunciar "abusos dos planos de saúde prejudiciais à prática da medicina e, portanto, aos pacientes". "Serão interrompidos apenas os tratamentos e as cirurgias eletivas, o atendimento de urgência e emergência será absolutamente mantido", afirmou Florisval Meinão, coordenador da Comissão Nacional de Defesa e Consolidação da CBHPM (CNDC).
 
Entre as reivindicações da APM, está o estabelecimento do honorário médico em R$ 80 por consulta; segundo a entidade, a remuneração atual varia de R$ 25 a R$ 60. "Um preço desses inviabiliza manter o consultório aberto", afirmou Renato Azevedo Junior, presidente do Cremesp. "Não tem reajuste anual, a gente chega a ficar dez anos sem ter nenhum reajuste, e quando tem é muito abaixo dos índices inflacionários", reclamou.
 
Outra reclamação dos profissionais é a respeito da interferência dos planos de saúde em procedimentos médicos, como não autorizar procedimentos, demora para autorizá-los ou cobranças indevidas de procedimentos já autorizados, exemplifica Azevedo Junior. "Tudo isso porque essas empresas visam o lucro, mas isso acarreta no prejuízo do paciente e, em segundo lugar, os médicos, que estão deixando de atender aos planos."
 
De acordo com a Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge) é livre a negociação entre médicos e planos sobre os serviços a serem prestados. A associação informou em nota que não tem como atribuição discutir a remuneração dos prestadores de serviços. "O movimento dos médicos é aceitável, desde que não prejudique o atendimento aos beneficiários dos planos de saúde", diz a entidade.