No cenário político uma arma poderosa tem feito toda a diferença: o Programa Bolsa Família. Partidos e políticos têm discutido sua paternidade. O presidente Lula, o ex Fernando Henrique ou o cacique Antônio Carlos Magalhães, quem detém a patente? Não importa. É com o caixa do governo que o programa anda, o titular tem a chave do cofre e colhe os dividendos. O fato relevante para as eleições é que o Bolsa Família já conta com 50 milhões de brasileiros, dos quais 25 milhões de eleitores ou dez milhões de famílias. É uma máquina de votos quase imbatível! Ainda mais forte em um país que, pelos números do IBGE, já conta com o vergonhoso contingente de mais de 14 milhões de pessoas passando fome. Nos rincões do interior, fora das grandes capitais, brasileiros conhecem pouco os candidatos e suas idéias, mas entendem rapidamente os benefícios do Bolsa Família e fazem a associação quase direta: é programa do governo, é do Lula. A maioria dos analistas critica pesado o cunho assistencialista do programa. Alegam que era melhor dar trabalho que doar alimento. Mas em um país com padrões africanos de miséria, onde muitos sofrem de desnutrição e precisam de um prato de comida para ter condições mínimas até de ir ao médico ou à escola, o Bolsa Família se converteu numa ferramenta vital. E avança em sua área de cobertura. Cálculos oficiais dão conta de que o número de famílias chegue perto de 12 milhões na antevéspera da votação. Essa corrida tem um aspecto danoso: o uso eleitoreiro do programa em tempos de campanha pode levar a novas distorções como as verificadas no passado – que incluiu desvio de recursos e a divulgação de falsas estatísticas. Muitos dos beneficiados lá atrás nem sequer preenchiam os requisitos, tinham renda além do mínimo estabelecido e, em muitos casos, foram incluídos por injunções políticas. Há brasileiros demais necessitados que não podem ser atropelados pelos espertos de plantão.