Um homem voando sobre o mar. A cena, que sugere filmes futuristas de Hollywood, tem tudo para virar febre nas praias do Rio de Janeiro. O “milagre” vem se repetindo nas últimas semanas na praia da Barra da Tijuca, uma das mais badaladas do Rio. O foilboard, equipamento que acaba de chegar ao Brasil, promete ser o grande sucesso do próximo verão brasileiro. O responsável pelo milagre é o hidrofólio, uma geringonça que funciona como a asa de um avião e fica no lugar da quilha (espécie de barbatana que sustenta e direciona a prancha). A peça oferece mais velocidade e estabilidade, permitindo manobras jamais vistas. O equipamento funciona bem em ondas pequenas, mas tem melhor resultado nas grandes, pois minimiza o atrito.

Nas pranchas convencionais, os surfistas remam com os braços e só entram na onda quando ela começa a quebrar. Já os foilboarders desenham os swells (ondas em formação) muito antes de as ondulações atingirem a praia. O sonho é surfar ondas oceânicas, que podem ter mais de 100 pés, o equivalente a 30 metros, que às vezes não quebram. O imbatível adepto do tow-in (modalidade na qual o surfista é rebocado por um jet-ski), o havaiano Laird Hamilton, é o criador do equipamento. Dos oito modelos existentes no mundo, um foi parar nos pés do campeão Phil Rajzman, 20 anos, filho do ex-jogador de vôlei Bernard. Como big rider (surfista de ondas enormes), aprovou o foilboard. “O hidrofólio reduz o atrito e facilita o surfe em ondas grandes. Além de permitir manobras incríveis, como os aéreos e os loopings. Pretendo revolucionar o esporte com manobras jamais vistas com o meu tapete mágico”, brinca.

Outro que curtiu a novidade foi Rico de Souza, que há 40 anos vive sobre as ondas. “A prancha vem com botas iguais às de snowboard para oferecer conforto e permitir manobras radicais. Qualquer inovação que chegue ao surfe, tornando-o melhor, eu assino embaixo.” Rico não experimentou o foil, mas se impressiona vendo a habilidade de Phil. “É emocionante vê-lo revolucionando o esporte”, diz Rico. Por enquanto, o foilboard é para poucos. Só a prancha custa cerca de R$ 9 mil e o atleta precisa de um jet ski para impulsioná-lo na onda. Isso sem falar do gasto com a gasolina da embarcação. Mas a sensação parece não ter preço. “Deixa todos com água na boca: é como se eu estivesse voando sobre o mar, recebendo vento no rosto. É maravilhoso. Não dá para descrever”, conta Phil.