Sinal de alerta máximo na campanha da governadora do Rio de Janeiro, Benedita da Silva (PT). A equipe do publicitário Duda Mendonça, responsável pelo marketing da candidatura presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva, passa a trabalhar diretamente com a assessoria de Bené para tentar reverter o desempenho para lá de desconfortável. Pela última pesquisa do Ibope, divulgada terça-feira 13, ela ocupa o terceiro lugar, com apenas 12%, abaixo do ex-prefeito de Niterói Jorge Roberto Silveira (PDT), com 19%, e de Rosinha Matheus (PSB), a mulher de Anthony Garotinho, com 36%.

Parte do eleitorado petista estaria debandando para Jorge Roberto, com curva ascendente nas pesquisas. Ambos têm perfil de esquerda e o ex-prefeito estaria se beneficiando do desencanto do eleitorado com a governadora, prejudicada como todos os antecessores pelas turbulências na segurança pública. Outra “mordida” estaria vindo do nicho evangélico, fechado com Rosinha. “Garotinho e Rosinha exploram a fé como instrumento de propaganda, e Benedita, embora seja evangélica há 35 anos, não”, diz o presidente do PT estadual, Gilberto Palmares. “Benedita herdou um Estado quebrado, com déficit de R$ 1,4 bilhão e programas sociais com convênios vencidos”, acrescenta o dirigente partidário. O PT decidiu expor oficialmente os relatórios de cada secretaria na gestão Garotinho. Ou seja, ventilador ligado. A decisão oficializa uma reviravolta no estilo de Benedita, tradicionalmente criticada pela esquerda petista por sua tendência conciliadora e aliancista.

“Ela não vai mudar o quadro. Vai apenas agredir, caluniar e tentar esconder sua incompetência”, reage Rosinha, cuja principal bandeira é a mesma dos concorrentes: segurança com geração de empregos. “Vou retomar a política de Garotinho”, afirmou. Enquanto as mulheres trocam chumbo grosso – num campeonato que tem ainda a presença de Aspásia Camargo, do Partido Verde –, Jorge Roberto Silveira, apoiado por Ciro Gomes e pela Frente Trabalhista (PPS-PDT-PTB), corre por fora. De olho no segundo turno, ele não bate em Benedita: “Sempre tive relação muito boa com o PT.” Ao deixar a Prefeitura de Niterói, Jorge Roberto passou o cargo para o petista Godofredo Pinto, seu vice. Ele aposta tudo nos méritos de suas duas gestões em Niterói, marcadas por intervenções urbanísticas e programas sociais como o do médico de família. Único homem com real chance de se eleger, tem discurso pronto para o eleitorado feminino. “É ofensivo pensar que mulher vota em mulher só por ser mulher. O voto feminino é consciente e não de gênero.”

Bolsas – Solange Amaral (PFL-PMDB-PSDB) tem apenas 7%, mas conta com o apoio ostensivo do prefeito César Maia (PFL) e com pelo menos duas vantagens nítidas: o tempo na tevê é o maior e a verba de campanha é confortável, em torno de R$ 7 milhões, segundo ela própria. Solange acredita que o mau desempenho de José Serra não a prejudica. “O Rio é o único Estado em que Fernando Henrique perdeu nas duas eleições. A situação não se alterou”, explica. Ela registra o tratamento diferenciado da mídia nas eleições fluminenses devido à disputa acirrada entre mulheres. “Os repórteres ficam querendo ver a bolsa… É curioso.”