Às vésperas do Natal, os vários índices que medem a inflação estão acabando com a festa antes da hora. Pela primeira vez desde 1995,
a inflação medida pelos diversos institutos de pesquisas superou os 2% ao mês. Com uma
alta de 8,67% no ano, e faltando apurar 15
dias de novembro e todo o mês de dezembro,
as projeções do próprio IBGE são de que o
índice feche o ano com aumento de 10,5%.
Ou seja, tudo o que faz você tirar dinheiro do bolso para pagar alguma coisa vai indicar que
a inflação do País está voltando às taxas de
dois dígitos. “O alarme tem que soar”,
diz Eustáquio Reis, diretor de Estudos Macroeconômicos do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
E soar logo. “Temos que começar tudo de novo porque o aumento
da inflação para a casa dos dois dígitos são favas contadas”, diz o deputado Delfim Netto. “As metas firmadas pelo atual governo com
o FMI (de 6,5% a 9%) foram muito ambiciosas e podem comprometer
a credibilidade do País.” Segundo o deputado, o novo governo tem
que sentar com o Fundo e revisar essas metas para 2003.

A trajetória dos dois dígitos também passou a fazer parte das expectativas do mercado financeiro. A pesquisa semanal Focus,
do Banco Central, feita com 110 bancos, fundos de pensão e
instituições de pesquisas, indica uma taxa de 10% em 2002.

Como vem acontecendo desde a arrancada do dólar, alimentos e combustíveis são apontados como os vilões para a subida dos índices em novembro. “Essa bolha inflacionária vai continuar até o final do primeiro semestre do próximo ano”, prevê Sérgio Mendonça, economista do Dieese. O atual governo, diz ele, não tem muitas opções para controlar a alta dos preços a não ser atuando sobre as expectativas do mercado e manobrando com a política de juros altos. “É uma forma de reafirmar o compromisso com as metas de inflação. Mas não irá resolver.”