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SILÊNCIO O ex-ministro prefere não falar muito

 

Indiciado pelo Supremo Tribunal Federal no crime de peculato, o ex-ministro da Comunicação do Governo Luiz Ghushiken acredita que será absolvido ao longo do julgamento. Ele é acusado de orientar o ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato, a assinar contrato com a empresa de Marcos Valério sem licitação.

ISTOÉ – O que o sr. achou do julgamento no STF?
Gushiken – Posso falar por mim. O pronunciamento do relator (Joaquim Barbosa), quando disse que me absolveria, e os de outros, que disseram não ter indícios, me chamam a atenção para os aspectos que devem nortear o comportamento do Supremo quando discute uma matéria desse tipo. Não sou jurista, mas várias pessoas conversaram comigo e ficaram estarrecidas com isso.

ISTOÉ – O sr. recebeu muita solidariedade?
Gushiken –
Ah, sim, bastante.

ISTOÉ – Mas não teme ser condenado?
Gushiken –
Não sou advogado, mas certamente a defesa deverá se apoiar naquilo que os quatro ministros disseram, naquilo que o Joaquim disse. Eu não tenho nenhuma dúvida de que vou ser inocentado, porque [a acusação] é baseada num depoimento mentiroso, de uma pessoa contra a qual estou abrindo uma ação. Esse cidadão mentiu para falar tudo aquilo.

ISTOÉ – O sr. se refere ao Roberto Jefferson?
Gushiken –
Não. Ao Pizzolato [Henrique Pizzolato]. A partir dele é que surgiu isso.

ISTOÉ – O sr. está fazendo consultoria?
Gushiken –
Estou.

ISTOÉ – O que o sr. achou de o Roberto Jefferson chamar o presidente Lula de Ali Babá?
Gushiken –
Comentário de bandido. Não faço comentário sobre esse cidadão.

ISTOÉ – Comentário de bandido?
Gushiken –
É.

ISTOÉ – O julgamento no STF pode afetar o PT nas próximas eleições?
Gushiken –
Não sei. Não sei.

ISTOÉ – Mas qual é a sua avaliação pessoal?
Gushiken –
Eu quero falar o mínimo possível sobre esse assunto. Aliás, não vou falar mais sobre isso, não.

ISTOÉ – O que o sr. acha de o ministro Ricardo Lewandowski ter dito que o Supremo agiu sob pressão da imprensa?
Gushiken –
Pois é, né? Eu também acho isso. Os critérios da Justiça são estranhos, porque você nunca sabe o que vão falar, o que vai acontecer. Se eles são capazes de aceitar a palavra de um mentiroso como o Pizzolato, eu tenho mais é que me acautelar contra esses critérios.

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ISTOÉ – O procurador-geral da República disse que, no caso da Visanet, ficou comprovado o uso de dinheiro público para o mensalão.
Gushiken –
Esse trabalho tem que ser feito pelo Banco do Brasil, pela Polícia Federal. Quem sou eu para dizer alguma coisa? Eu não sou funcionário do Banco do Brasil, nunca fui gestor do Banco do Brasil.

ISTOÉ – O sr. acha que o presidente Lula tem tido um bom comportamento com quem o auxiliou, com os exministros?
Gushiken –
Sim. O presidente não tem nada a ver com isso.

ISTOÉ – Não tem nada a ver?
Gushiken –
Não.

ISTOÉ – O sr. está dizendo que o presidente não sabia de nada disso, do caixa 2?
Gushiken –
Não sei o que você está querendo com esta entrevista. Deixa eu te dizer: tenho que encerrar esta entrevista. Não tem sentido, neste momento, dar esta entrevista.