A mexicana de origem libanesa Salma Hayek não ganhou o Oscar de melhor atriz, mas mesmo assim ela pode se considerar vitoriosa. O filme Frida (Frida, Estados Unidos/Canadá, 2002), em cartaz nacional a partir de sexta-feira 4, do qual ela é protagonista, é fruto de seu empenho pessoal. Na luta pelo papel na cinebiografia de Frida Kahlo, a torturada e intempestiva pintora de sobrancelhas grossas, Salma derrotou Madonna e Jennifer Lopez num projeto que começou a tomar forma nos anos 80. Fiel à história real, o enredo se concentra no que a própria Frida falava como
os dois acidentes de sua vida: o primeiro, um bonde que destroçou seu corpo, em 1925, no auge de seus 18 anos; e o segundo, a união com o muralista mexicano Diego Rivera – interpretado por Alfred Molina –, 21 anos mais velho que ela e com quem se casou duas vezes.

Apesar das dores, dos tratamentos constantes e da deformidade física devido à poliomielite na infância, Frida era uma sedutora. Bissexual, foi amante de atrizes famosas e até de políticos de expressão, como o líder comunista Leon Trotsky (Geoffrey Rush) que, foragido do regime de Stalin, se exilou no México, onde acabou assassinado. Sufocada pela fama de Rivera, em vida Frida teve seu trabalho exposto uma única vez no seu país. O vernissage ocorreu meses antes de sua morte, em 1954. Ela compareceu carregada numa cama, bebeu muito e saudou seu amor por Rivera. A cena abre o filme que, a exemplo de Frida Kahlo, celebra a poesia diante da adversidade.


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