Antigamente conhecido por seus trabalhos de fotógrafo e escritor, o americano Larry Clark consagrou-se como o cineasta da chamada Geração X ao dirigir Kids, de 1995, um relato sobre skatistas nova-iorquinos e a relação deles com a Aids. Bully (Bully, Estados Unidos/França, 2001), que estréia na sexta-feira 4, é igualmente baseado numa história real, ocorrida na Flórida e envolvendo jovens. O valentão a que o título se refere é Bobby (Nick Stahl), 17 anos, o único da sua turma que pôde entrar numa faculdade e que corteja uma vida imbecilizada como sócio do pai comerciante. Depois de violentar a namorada de seu amigo Marty (Brad Renfro), a quem trata como escravo, Bobby tem a morte decretada pela turma, que inclui as irresistíveis Ali (Bijou Phillips) e Heather (Kelly Garner), e os abobalhados Donny (Michael Pitt) e Derek (Daniel Franzese). Para evitar confusões, eles pedem ajuda ao suposto mafioso The Hitman (Leo Fitzpatrick) e cometem o crime com extrema selvageria.

Larry Clark, que faz uma ponta como o pai de Hitman, não se preocupou em situar o drama em qualquer contexto, exceto o de sexo, drogas e irresponsabilidade. A exemplo de seu segundo filme,

Os profissionais

, de 1998, com James Wood e Melanie Griffith, e do ainda inédito

Ken Park

, de 2002, os jovens imperam e os adultos são mais omissos do que os focalizados nos desenhos de Charlie Brown. Valendo-se da fotogenia das garotas e de Fitzpatrick e do estilo sexy-bobo de Pitt, revelado no controverso

Hedwige – rock, amor e traição

, o diretor se dá por contente em fotografar uma América corroída por dentro, mas sem nenhuma análise ou determinação de fatos. É um olhar tão imaturo quanto seus personagens.