uaraná, gengibre, arroz e manjericão. Até parece lista de supermercado, mas na verdade são ingredientes de cremes, xampus e outros produtos de beleza integrantes de um gênero que cresce cada vez mais. Atenta aos desejos de consumidores interessados em artigos mais naturais, a indústria de cosméticos resolveu aproveitar ao máximo substâncias extraídas de alimentos. A francesa Lancôme, por exemplo, acaba de lançar um hidratante chamado, não por acaso, Gourmande – guloso, em português. O cosmético é feito de aipo, cenoura, manjericão e tangerina. Ingredientes que, segundo a empresa, fornecem vitaminas e substâncias que melhoram a elasticidade e o viço da pele. No Brasil, a marca Contém 1g também está colocando no mercado uma linha com produtos feitos à base de frutas, entre elas morango e maçã.

A linha Ekos, da Natura, é uma das provas de que usar esses recursos em cosméticos é receita de sucesso. Lançada há dois anos, era composta por 20 produtos. Hoje, são 38 artigos para banho, e pós-banho, feitos com guaraná e cacau, entre outros. E, neste ano, as vendas da linha foram 15% maiores do que as registradas em 2001. A maior parte deste gênero de cosméticos foi criada a partir da observação dos efeitos causados pelos alimentos em sua utilização no dia-a- dia. Foi assim, por exemplo, com a nova emulsão clareadora

Future White, da Helena Rubinstein, feita de ácido de arroz. A empresa decidiu fabricar o creme depois da constatação de
que os preparadores de saquê – bebida produzida
a partir do arroz – têm as mãos muito brancas.

Na fabricação dos produtos, as empresas usam tecnologia de ponta para extrair das plantas seus princípios ativos e também para fazê-los ter o benefício desejado mesmo quando adicionados a um cosmético. Para Rubens Slavisky, gerente de produto da Pierre Fabre, outra indústria do setor, a evolução de conhecimento e equipamentos permite que, hoje, as companhias tenham mais recursos para plantar, colher, retirar o extrato e prepará-lo de maneira que ele não sofra alterações que prejudiquem seus efeitos. “Se esse processo não for realizado com cuidado, o produto terá apenas o aroma e a cor do alimento”, ressalva o executivo.