Centralismo democrático
O presidente do PT, José Dirceu, já avisou que a crise em empresas de televisão como a da Globo será tratada pelo próximo governo
como um assunto de Estado. Sinalizou que o PT está disposto a ajudar. Mas, se o governo petista vai dar com uma mão, também deverá cobrar com a outra. E por isso está se preparando para
cuidar do setor de telecomunicações com punhos de ferro. Acertado com a equipe de transição, o Ministério das Comunicações mandou para o Diário Oficial, na segunda-feira 18, o decreto 4.471, que extingue todas as suas delegacias regionais. Em 1998, dentro
do projeto de reestruturação administrativa do Ministério, haviam
sido extintas 15 DRs de menor importância, que foram agrupadas
em 11 delegacias centralizadoras. A do Ceará, por exemplo, passou
a responder pelo Piauí e pelo Rio Grande do Norte. Agora essas
11 centrais terminaram de uma só penada. Todas as concessõe
s e renovações de concessões vão ser cuidadas diretamente pelo ministro e pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
Ou seja, todo o poder centralizado em Brasília.

Guerra no PL

O deputado Luiz Antônio Medeiros está ameaçando sair do PL
rumo ao PMDB. Está insatisfeito com o excesso de poder do
colega Valdemar Costa Neto, que tem um apetite insaciável por
cargos. Medeiros afirma que não dá para Valdemar ser, ao mesmo
tempo, o presidente do partido, o líder da bancada na Câmara e
quem indica os nomes do partido para ocupar cargos no governo.

Morreu pela boca

O líder do PL na Câmara, Valdemar Costa Neto, destituiu seu
vice-líder, João Caldas. Motivo: aquela declaração infeliz do
voraz deputado, segundo a qual o partido se contentava com
“dois ou três ministérios e umas cinco estatais” no governo Lula.

Jogo duro

Um assessor de José Dirceu telefonou para o gabinete do
presidente do PFL, Jorge Bornhausen, informando que o
encontro dos dois estava marcado para o gabinete da liderança
do PT na Câmara. Bornhausen mandou responder: quem pediu
o encontro foi Dirceu. Portanto, o petista que viesse a seu
gabinete. Foi o que acabou acontecendo, na quinta-feira 21.

Sarneyzista pró-Renan

O senador Eduardo Siqueira Campos procurou o líder do PMDB,
Renan Calheiros. Jurou que os três votos de Tocantins para
presidente do Senado serão de Renan. Siqueirinha fez mais. Se
for preciso, os senadores do Estado se filiarão ao PMDB. Além de Siqueira, que é do PSDB, podem deixar o PFL Leomar Quintanilha e
João Ribeiro. “Eles estão de stand by. Acho que nem precisa, mas,
se for o caso, vamos nos filiar ao PMDB”, disse Siqueirinha a Renan.

Maldade

O PFL desenterrou um velho projeto apresentado pelo deputado
José Dirceu. Propunha nada mais, nada menos do que o tal plebiscito sobre a Alca. Aquele que, na campanha eleitoral, o PT amaldiçoou.

Rápidas

José Sarney (PMDB) mandou para o procurador-geral da
República, Geraldo Brindeiro, dados sobre grilagem de terra
de um procurador envolvido no caso Roseana (PFL).

Forte no governo petista, a maldição de Codó também
alcançou o superintendente da Polícia Federal no Maranhão
durante o affair Lunus. Ele foi transferido para a Bahia.

O presidente eleito Lula está convencido de que deve aproveitar
o encontro com o colega George W. Bush, na Casa Branca,
para fazer uma visita ao prédio quase ao lado. O do FMI.

Contas da Executiva do PFL: até agora o PL já tem
engatilhadas as filiações de oito pefelistas e 12 tucanos no
partido. Vão em busca do novo guarda-chuva governista.