Hemorróida é um tabu. Muita gente sofre, mas tem vergonha de procurar ajuda. No entanto, o auxílio existe e está cada vez mais sofisticado. Já está disponível em vários hospitais brasileiros um aparelho, chamado PPH (procedimento para prolapso hemorroidário), da Johnson & Johnson, que retira as veias salientes com menos sofrimento para o paciente. As técnicas tradicionais de operação resolvem o problema, mas resultam em um pós-operatório extremamente desconfortável. “Com o novo aparelho, a recuperação é mais rápida e a necessidade de analgésicos bem menor do que na cirurgia tradicional”, garante Sérgio Nahas, chefe do Serviço de Doenças Orificiais do Hospital das Clínicas de São Paulo (HC/SP). A instituição paulistana é uma das que já utilizam o PPH.

A hemorróida é uma ocorrência natural da condição de viver em pé. Por isso, estima-se que todos apresentem um episódio do problema na vida. “As hemorróidas são a dilatação das veias que irrigam os músculos anais. Por causa da falta de sustentação do tecido, começam a pender, e a força que fazemos nessa região as empurra para fora. Em alguns casos, elas só aparecem quando se faz força, mas, se o quadro é mais grave, podem ficar expostas o tempo todo”, explica Angelita Habr-Gama, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Elas podem sangrar e doer muito. De acordo com a gravidade, há
uma opção de tratamento. “Se a hemorróida é mais discreta, fazemos
um procedimento não-cirúrgico de colocação de uma ligadura elástica
que diminui a irrigação dos vasos. Dessa forma, eles murcham. Ou
então recomendamos a aplicação de luz infravermelha, que queima
a mucosa da região e também impede que a veia se dilate”, explica
Fábio Atui, do HC/SP.

Se elas forem maiores, a saída é operar. A cirurgia tradicional corta o que está para fora. O problema é que a região é muito sensível e, até a cicatrização total, o paciente sofre demais a cada evacuação. A cirurgia a laser também resulta em igual sofrimento no pós-operatório, já que os raios incidem na parte sensível.

Mas a chegada do PPH alivia esse desconforto. Baseado nos grampeadores gastrointestinais e vasculares desenvolvidos na década de 90, o aparelho é usado em uma cirurgia que atinge a região mais interna do ânus, onde não há tanta sensibilidade. Por isso, o pós-operatório é menos sofrido. O objetivo é o mesmo: interromper a irrigação das veias, que são “fechadas” na raiz. “Esse método é eficiente, mas não se aplica a todos os tipos de hemorróidas. As externas não podem ser tratadas com o PPH”, alerta Angelita. O que os especialistas consideram hemorróidas externas são as bem superficiais, sem maiores implicações internas, surgidas em circunstâncias específicas, como as que aparecem em mulheres grávidas.

Os especialistas asseguram que é possível tomar algumas atitudes que diminuem o risco de surgimento dessas veias salientes. Alimentar-se bem com uma dieta rica em fibras, frutas e verduras, não inibir a vontade de evacuar e não fazer força para evacuar estão entre elas. Mas é preciso ficar atento: sangramento anal também pode ser sinal de câncer de intestino, por exemplo.